E no 3º Estado de Emergência. Medidas de melhorias. As pessoas e as famílias
Ponto de Vista

E no 3º Estado de Emergência. Medidas de melhorias. As pessoas e as famílias

A boa vontade das pessoas tem levado “certas pessoas” a defenderem, quase de uma forma obrigatória, a solidariedade totalitária para com o nosso irmão que mais precise, esquecendo, ou procurando confundir os outros, relativamente às responsabilidades governamentais neste processo, visto que, fora assumido que as famílias mais vulneráveis e os profissionais teriam o devido apoio para que ninguém pudesse ficar de fora e que pudessem ficar em casa e ajudar, assim, a ultrapassar esta pandemia.

Pelo que se solicita que o governo deva acionar os mecanismos para fazer valer os compromissos assumidos, para que os cidadãos cumpram com a sua parte de uma forma mais digna e humana.

É de realçar também que as cestas básicas que foram prometidas às famílias e um suporte financeiro de 10 mil escudos aos profissionais em regime de REMPE, que auferem um salário com um teto máximo de 20 mil escudos e em atividade informal, que ainda levantam uma certa polêmica visto que já tem havido inúmeras reclamações de muitos que ainda não receberam nem uma coisa, nem outra. A cesta básica que tem sido distribuída é incompreensível perante a realidade e as necessidades das famílias, sendo que as mesmas têm sido possíveis graças a pessoas de boa fé, empresas, associações comunitárias e, louvavelmente, a participação massiva dos emigrantes. Os 10 mil escudos estão ainda longe de aparecer, visto que os números oficiais apresentados é de 3.984 que já foram beneficiados num horizonte de 30 mil trabalhadores, sendo que tais compromissos foram assumidos pelo governo no início da declaração do primeiro estado de emergência e já se vai no terceiro, pelo menos nas ilhas de Santiago e Boavista.

Tem-se verificado, neste terceiro estado de emergência, um crescimento exponencial de casos positivos do Covid-19 na cidade da Praia em consequência da investigação e do seguimento dos casos confirmados que agrava com uma presença massiva das pessoas nas ruas e em certos casos sem as devidas medidas de prevenção, o que cria alarmismos e preocupações acrescidas neste combate ao vírus.

No entanto, devemos ter sempre e acima de tudo o comportamento de adotar e praticar todas as medidas e indicações das autoridades sanitárias, mas também devemos fazer uma análise concreta para que se possa entender o porquê desta presença desenfreada das pessoas, principalmente nos centros urbanos. A maioria das situações dá-se pela falta de rendimento e de comida para colocar à mesa porque somos pobres e num país quando o apoio não vem a necessidade vem ao de cima, juntamente com outros comportamentos que esta condição impõe.

Eu sugeria as autoridades as seguintes MEDIDAS PRATICAS para procurar conter menos pessoas nas ruas, tais como:

- Dar as cestas básicas completas e necessárias à realidade das famílias (pelo seu número e pela situação de saúde do seu agregado familiar)

- Pagar os rendimentos solidários de 10 mil escudos e outros rendimentos na hora e no momento preciso, para que as famílias possam suprir as suas necessidades;

- Definir dias da semana para a ida aos bancos e instituições bancárias (2ª, 3ª e 6ª feiras)

- Definir dias da semana para ida às compras e aos mercados (2ª, 3ª e 6ª feiras)

- Aumentar o número dos atendedores nas instituições bancárias e postos de compras/mercados, desde que devidamente protegidos, para que o atendimento seja rápido e eficiente;

4ª, 5ª feiras, Sábados e Domingos – Ninguém é permitido sair, salvo em situação de extrema necessidade que não se identifica com as necessidades acimas mencionadas, pelo que esses serviços devem estar encerrados nesses dias. Com uma concertação pragmática com o recente decreto-presidencial do estado de emergência.

A solidariedade é uma característica da identidade dos cabo-verdianos que vem ao de cima, principalmente em momentos conturbados como este, mas é de se realçar que a solidariedade é uma ação pessoal e particular, que não deve servir como canal de mediatismo e muito menos de se esperar algo em troca, por isso ajudar o próximo está assente nas condições e facilidades humanas de cada um de nós.

Convém agradecer todos os profissionais da saúde, Polícia Nacional, Forças Armadas, Serviço Nacional de Proteção Civil, e demais profissionais que têm estado na linha da frente dando luta e ajudando para que esta pandemia seja controlada e que, de uma forma ou de outra, manifestaram a sua solidariedade fazendo com que o seu próximo esteja junto consigo nesta luta.

A luta é de todos nós e cada um fazendo a sua parte estaremos e ficaremos melhor.

Cuide de si e da sua família, protejam-se e fiquem em casa.

Praia, 5 de maio de 2020

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