A IGNORÂNCIA ATREVIDA DE SAMILO MOREIRA NO SANTIAGO MAGAZINE
Ponto de Vista

A IGNORÂNCIA ATREVIDA DE SAMILO MOREIRA NO SANTIAGO MAGAZINE

O nosso Primeiro-ministro foi ousado e estreante, como chefe de governo, em expressar -se em inglês, num fórum cuja plateia era formada, na sua maioria, por anglófonos. Não tinha que ter a fluidez do inglês e nem o sotaque londrino ou nova-iorquino como pretende, incompreensivelmente, o autor do artigo publicado nesse jornal on-line, senhor Samilo Moreira.

Os falantes do inglês expressam-se nos mais diversos sotaques e não há um sotaque padrão, daí entender o quão absurdo é este esforço sagaz do autor desse artigo de apoucar e desprezar o PM deste País, fruto quiçá de uma inveja atroz e de um profundo desrespeito pelo eleitorado cabo-verdiano.

O mais confrangedor em tudo isto é a ausência total de humildade e uma presença omnipotente de arrogância do senhor Samilo Moreira em querer ser, pateticamente, omnisciente, mestre de todo o saber universal, o mais perfeito no uso de instrumentos de comunicação e, ridiculariza-se falando de conceitos linguísticos que não figuram em nenhum estudo científico do mundo, a não ser no seu universo de lucubrações quimeras: fala, toscamente, de língua universal, numa total ignorância, fazendo alusão ao inglês.

Na verdade A IGNORÂNCIA É ATREVIDA. Ora, não existe uma língua natural que é ao mesmo tempo universal. Isto é impossível, do ponto de vista linguístico. Daí que o inglês, e não só, jamais seria uma língua universal. No contexto da contemporaneidade uma língua universal só o poderia ser do ponto de vista artificial. Daí se falar de língua artificial e não universal. E o inglês não é o caso.

Existe uma língua artificial, inventada pelos estudiosos da linguística, que se pretende que seja, efectivamente, uma língua universal à qual devem aderir, num futuro imaginário, os falantes do mundo inteiro, como um esforço didáctico e pedagógico para facilitar a comunicação entre os humanos. Uma espécie de ficção de um mundo sociolinguístico imaginário, artificial e utópico.

Denota-se, por isso, uma ignorância confrangedora do Samilo Moreira ao pretender pisar a ceara que não domina e lhe falta habilidades para ceifar nesse espaço que lhe é sinuoso. Esta é uma atitude grotesca de quem quer protagonizar uma guerrilha que subjaz num complexo, de todo desconhecido e labora num mundo de megalomania, característico de uma politiquice que teima em subsistir, como resultado de "dor de cotovelo" que vem apoquentando os tantos Samilos destas aventuradas ilhas. Tenho por certo que Ulisses Correia e Silva fala, fluentemente, o crioulo que é a sua língua materna e o português que é a língua oficial de Cabo Verde.

É o quanto basta para o PM de Cabo Verde. Se poder comunicar em inglês, este não tem que ser fluído, posto que não é o dever e nem é uma obrigação política, ética, moral, profissional, protocolar ou oficial que o PM de um país tenha que falar, fluentemente, o inglês ou outras línguas, ou seja, tenha que ser um poliglota. Esta exigência só pode ser de quem nutre um complexo de inferioridade face a outra cultura e subestima a sua origem sociocultural e linguística. Conhecer e dominar outras línguas é uma riqueza e uma virtude, mas nunca uma condição imposta ao cidadão para exercer um cargo de governação e muito menos a garantia de ser, por este motivo, um bom governante.

Agora, o mais confrangedor de tudo isto é o facto de o Samilo Moreira que pretende se apresentar como um exemplo de “profissionalismo” e “perfeccionismo”, querendo dar lições de linguística, neste espaço, ser aquele que comete erros crassos e de palmatória ao fazer o uso da língua portuguesa, a língua oficial do seu país. Aí sim, é que é muito grave! Critica, ferozmente, o PM e o humilha, publicamente, desprezando o seu inglês e traz aqui a este debate um texto eivado de erros estruturantes do português, do ponto de vista sintáctico, lexical, semântico, ortográfico e de coesão de pensamento.

Não são gralhas, nem lapsos de linguagem e nem "erros de empatia". Repito, são erros imperdoáveis para quem pretenda aparecer como o grão-mestre, que se arma em o "sábio dos sábios" dando lições de linguística, desprezando o inglês do outro e no entanto, pior que isso, publica um artigo que faz rasgar a gramática da língua portuguesa. Digo isso por causa da sua atitude arrogante e desprezível, quando ele mesmo comete piores erros. E o mais grave, não em inglês (que até seria compreensível), mas sim em português que tem o dever de o escrever correctamente, já que pensa, arrogantemente, ser um catedrático em linguística.

Se o Samilo insistir na sua arrogância e megalomania, pedirei licença, em sinal de respeito e desculpas ao público e apontar-lhe-ei os erros graves do seu texto, em matéria de construção frásica, inaceitáveis para quem se considere, ironicamente, um "cultor da língua de Camões".

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