Cabo Verde é um país estranho, onde as coisas por mais estapafúrdias que sejam são consideradas normais por certas franjas da nossa sociedade.
Quando o presidente de um partido que ganha as eleições com a maioria absoluta, e que é por inerência o primeiro-ministro, escolhe um deputado para ser o Presidente do Parlamento, mas os deputados da oposição e alguns do seu próprio partido tornam público a sua preferência por um outro deputado, e o presidente do partido recua imediatamente, as pessoas acham normal.
Quando o primeiro-ministro que já tinha fechado os nomes para o seu elenco governamental, abre uma exceção e cria um novo ministério só para dar emprego ao seu candidato rejeitado, as pessoas acham normal.
Quando esse mesmo primeiro-ministro escolhe um deputado para ser o 1º vice-presidente do Parlamento e esse deputado é também rejeitado com votos da sua própria bancada e o presidente do partido não tira nenhuma consequência, as pessoas acham natural.
Senhor presidente do MpD e primeiro-ministro, não ter o presidente nem o vice-presidente da sua preferência na Assembleia Nacional e sujeitar-se às escolhas de um grupo de deputados da sua bancada e da oposição quando o senhor tem o número de deputados suficiente na sua bancada para viabilizar a sua pretensão, é passar-lhe um certificado de incompetência e vexatório.
Quanto ao nosso governo da “China”, o governo mais “gordo” da história de Cabo Verde, julgamos que é de extrema urgência legislar e fixar o número de ministérios e secretarias de estados que um país pobre, pequeno e desprovido de recursos deve ter.
É ridículo termos o mesmo número de ministérios que Angola que tem todos os recursos naturais existentes no mundo, que é 300 (trezentos) vezes superior a Cabo Verde e com uma população sessenta e seis (66) vezes superior a do nosso país, mas que tem apenas vinte e um (21) ministros.
Portugal, o nosso espelho, é vinte e dois vezes maior que Cabo Verde, tem uma população 20 vezes superior e tem apenas vinte ministros.
Em Cabo Verde, estamos perante um governo de alta intensidade de mão de obra, isto é, cria-se ministérios e secretarias de Estado para dar emprego aos militantes quando no mundo inteiro a palavra de ordem é contenção nos gastos públicos.
Apesar de nunca alimentar grandes espectativas quanto à atenção dos representantes da comunidade internacional sediados em Cabo Verde, representantes esses, convocados sempre que surjam gafanhotos, secas, erupções vulcânicas e pandemias, presumo que estão atentos à descapitalização desta pobre nação em tempos de crise.
Neste tempo de pandemia e por razões de distanciamento social, presumo que os vinte e oito (28) governantes irão tomar posse no estádio nacional, em Monte Vaca, por razões de espaço na Presidência da República.
Sobre o perfil dos governantes, queria apenas dizer ao Comandante Manuel Alves, que está a viver num país de primeiro mundo, EUA, onde a vida humana é muito cara, onde os selecionados para cargos governamentais são passados a pente fino, que acha anormal termos um ministro da polícia indiciado de crime de homicídio ou linchamento de um cidadão nacional na via pública, que estamos em Cabo Verde; onde coisas mais estranhas e absurdas podem acontecer e são normais; onde a vida humana e a dignidade das pessoas valem zero, por isso, o primeiro-ministro e as demais autoridades deste país assobiam para o lado perante a insistência dele.
Praia 20 de Maio de 2021
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