O presidente da UCID, António Monteiro, exigiu hoje, no Mindelo, explicações do Governo sobre o novo aval dado a Cabo Verde Airlines (CVA), que diz ser com “fins eleitoralistas”.
Em conferência de imprensa na manhã de hoje, no Mindelo, o líder do partido começa por perguntar “a quantas anda os avales concedidos à CVA (ex-TACV) e quanto tem custado aos bolsos dos cabo-verdianos, através dos seus impostos e dívida pública para apoiar uma empresa maioritariamente retida por investidores externos”.
“No contexto actual de encerramento de fronteiras de alguns países de voos da companhia e de fraco movimento de passageiros, não se percebe porque é que o Governo toma mais uma medida de garantir mais um financiamento acumulado, acumulando financiamentos que a empresa nunca vai poder pagar”, sustentou António Monteiro.
Desta forma, seria bom, segundo a mesma fonte, que o Governo esclarecesse como vão ser utilizados os quatro milhões de euros, especialmente os montantes para cobrir os custos de gestão, de aluguer de aviões e de combustíveis “todos eles ligados a interesses particulares dos accionistas externos maioritários”.
“Também seria bom que o Governo esclarecesse aos cabo-verdianos, o porquê de agora, a menos de dois meses de umas eleições gerais decide meter mais dinheiro na companhia, mas mantendo a gestão maioritária dos investidores externos”, defendeu António Monteiro, para quem os propósitos eleitoralistas estão “bem claros e para toda gente ver”.
“Mas, o Governo não tem escrúpulos em prejudicar o País, desde que isto sirva os seus propósitos de se manter no poder a todo custo”, considerou o líder da UCID, adiantando que “impõe-se pôr fim a este autêntico desmando, incompetência e irresponsabilidade na gestão dos parcos recursos do País”, neste momento em que Cabo Verde planeia atingir 60 por cento (%) da população vacinada contra covid-19 só em 2023.
Questionado sobre a situação da dívida pública, que ultrapassa 142% do Produto Interno Bruto, António Monteiro acredita que o montante poderá ser bem maior se considerados todos os avales concedidos actualmente pelo Governo.
Por isso, ajuntou, o executivo não pode continuar a injectar dinheiro na CVA, que tinha antes um défice de 15 milhões de contos, que foram absorvidos por uma empresa criada para o efeito, mas actualmente já vai no mesmo valor, concedidos de Novembro de 2020 à esta parte.
“Quer dizer que aquilo que o Governo anterior fez, este Governo do MpD (Movimento para a Democracia) comete os mesmos erros, pior ainda, em cinco anos consegue pôr o défice da Cabo Verde Airlines no mesmo patamar que o Governo do PAICV colocara nos anos anteriores”, reiterou.
António Monteiro acredita que o executivo deve assumir uma “posição de força” na empresa e nomear os gestores e não deixar os comandos nas mãos dos investidores externos, que “não injectem nenhum dinheiro na companhia e só querem alugar os seus aviões”.
Entretanto, pediu que não seja um militante do partido, mas sim um “gestor de topo”.
O Governo autorizou nesta segunda-feira o quarto aval do Estado para um pedido de empréstimo de emergência da administração da CVA, que já soma mais de sete milhões de euros desde Novembro.
A autorização para o aval, para um empréstimo de quatro milhões de euros e válida por 84 meses (07 anos), consta de uma resolução do Conselho de Ministros, publicada hoje no Boletim Oficial, e surge na sequência do novo acordo com a administração da CVA, anunciado pelo Governo na sexta-feira, para viabilizar a companhia aérea, sem actividade comercial há quase um ano.
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