O ex-eleito municipal da União Cabo-Verdiana Independente e Democrática (UCID) na Ribeira Grande, Santo Antão. Teodoro Monteiro considerou que tal como acontece na Rússia, “António Monteiro continua a ser o Putin da UCID”.
Teodoro Monteiro, que se diz militante da UCID desde 1980 e que trabalhou na formação do partido em 1977, fez estas declarações à imprensa a propósito do XVIII Congresso dos democratas cristãos, que decorreu em São Vicente e no qual esteve presente, mas foi impedido de usar da palavra porque, segundo a mesa, “não estava inscrito como militante e delegado ao congresso”.
Teodoro Monteiro que se assume “crítico do sistema implantado na UCID” onde, segundo o mesmo, “existe claramente uma ditadura interna rígida em que só as pessoas que pertencem ao grupo do António Monteiro tem a possibilidade de participar nas acções do partido”.
“É um esquema montado, porque o António Monteiro não quer ter oposição e no mesmo estilo do Putin da Rússia ele tenta eliminar a oposição. Desde 2008 até esta data é este o sistema. Em 2016 tivemos outros três candidatos, mas todos militantes de primeira hora do partido foram registados ou sabotados de participar nas eleições”, criticou.
O ex-eleito municipal considerou que “António Monteiro continua o Putin da UCID”, e explicou que para o XVIII Congresso foram escolhidos 223 delegados, dos quais apenas 140 estiveram presentes.
Segundo Teodoro Monteiro, mesmo tendo António Monteiro e seu grupo escolhido os delegados para o Congresso e usando uma plataforma digital para votar não conseguiram eliminar toda a oposição.
“Dos 148 tivemos 14 ou 15 pessoas que não votaram no presidente (João Luís) mais os que não estavam presentes. Isso quer dizer que mais ou menos 48 por cento (%) dos delegados não votaram no presidente e demonstra realmente que há oposição muito grande, muito forte das pessoas em relação ao sistema vigente”, analisou.
Questionado como explica a sua presença no Congresso, já que afirmou que delegados foram escolhidos pelo presidente cessante, Teodoro Monteiro afirmou que ele é “um histórico do partido” e, além de ser “delegado nato”, estava a representar o secretariado do partido na Escandinávia e a delegacia da Noruega”.
“Tinha o direito de estar aqui. Além disso, eu fui deputado regional da UCID na Ribeira Grande, de Santo Antão. Outra possibilidade que tenho é que sou um dos militantes históricos, natos e tenho o meu cartão de delegado. Isso quer dizer que tenho direito de estar em toda e qualquer reunião do partido”, argumentou.
Instado a reagir sobre o facto de a UCID ter retirado o vice-presidente para a diáspora, Teodoro Monteiro defendeu que tal decisão vem dar razão ao próprio António Monteiro que disse que antes a UCID necessitava trabalhadores cabo-verdianos na dispara mas hoje já tem quadros suficientes em Cabo Verde e não precisa mais dos emigrantes”.
Em reacção a estas críticas, o novo presidente João Santos Luís disse que Teodoro Monteiro não é militante, nem delegado nato, mas “um inimigo número um” do partido.
Segundo o líder da UCID, ele não estava inscrito no Congresso, não participou na reunião dos militantes que aconteceu a 27 de Fevereiro no auditório B da Universidade do Mindelo, à semelhança do que Lídio Silva fez, para eleger os delegados ao congresso.
“Ele aproveitou-se da ingenuidade das senhoras do protocolo, enganou-as e conseguiu uma pasta e um crachá de delegado. Aquele senhor quer prejudicar o partido, mas nós não vamos permitir, temos responsabilidades no partido, vamos agir energicamente contra a atitude do senhor Teodoro”, adiantou João Luís para quem Teodoro Monteiro age desta forma porque “quis deitar o partido no chão para construí-lo a sua maneira e foi impedido”.
No entanto, o presidente da UCID reconheceu que Teodoro Monteiro já foi eleito numa lista em Santo Antão, mas “fez um péssimo trabalho”.
“Se não fosse o péssimo trabalho que ele fez em Santo Antão teríamos elegido muito mais deputados. Os próprios companheiros que trabalharam juntos na campanha disseram isso. Foi um azar ele ter sido eleito”, afiançou.
Segundo João Luís, contrariamente ao que Teodoro diz, a eleição dos delegados ao congresso não foi feita por António Monteiro.
Esclareceu que foi feita com base em duas opções, sendo que a primeira foi fazer assembleias regionais para eleger os delegados, nas estruturas em que o partido esta devidamente organizado, e a segunda foi nas estruturas em que o partido não está organizado em termos de direcção regional em que os responsáveis do partido convocaram os militantes para fazerem a selecção dos delegados ao congresso.
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