O Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS) diz em comunicado que tomou com “tristeza” conhecimento da morte do fundador daquele partido, Onésimo Silveira, ocorrida na quinta-feira, 29 de Abril.
“É com muita tristeza que tomamos conhecimento do falecimento do Dr. Onésimo Silveira que carregou, por muito tempo, a bandeira da cabo-verdianidade, tanto no campo da política, como no campo da cultura”, lê-se numa nota enviada à Inforpress.
A direcção do PTS, liderada interinamente por Cláudio Sousa, recorda Onésimo Silveira com um opositor, tanto do regime colonial, como do regime do partido único, frisando que, de entre os muitos legados, não se pode deixar de apontar que “foi o primeiro Presidente da Câmara Municipal de São Vicente no início dos anos noventa”.
“No campo da literatura, o Dr. Onésimo Silveira escreveu mais de sete livros. Agradecemos o esforço empreendido ao serviço do povo cabo-verdiano, em particular, e do povo africano, em geral. Sem deixar de fazer referência ao enorme serviço pela luta prestada para as nossas ilhas e pela fundação do partido PTS. Estamos de luto na certeza de continuar esta luta, até que o povo das ilhas possa compreender o significado dessa visão diferente do mundo, pelo qual partilhamos”, prossegue.
Onésimo Silveira, que faleceu hoje aos 86 anos no Mindelo. Encontrava-se acamado há já alguns meses, segundo familiares.
Nasceu em São Vicente e doutorou-se em Ciência Política, pela Universidade de Uppsala (Suécia), em 1976, ano em que começou a trabalhar na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
Em 1977, transitou para a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (UNHCR) com o estatuto de diplomata, ali permanecendo até Dezembro de 1990, com passagens por países como Somália, Angola e Moçambique.
Em 1992, tornou-se o primeiro presidente eleito da Câmara Municipal de São Vicente, cargo em que permaneceu até 2001.
Em 2002, suspendeu o mandato de deputado à Assembleia Nacional e aceitou a nomeação para embaixador extraordinário e plenipotenciário de Cabo Verde em Portugal, Israel, Espanha e Marrocos.
A nível cultural, é considerado um dos mais proeminentes membros da elite literária cabo-verdiana, tendo muitos trabalhos publicados no campo da literatura.
Fundou o Partido do Trabalho e Solidariedade (PTS), depois da ruptura com o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (ex-PAIGC) e nos últimos anos tornou-se uma das vozes mais activas pela regionalização do país.
Em 08 de Dezembro de 2012 foi distinguido com o doutoramento Honoris Causa pela universidade do Mindelo pelo “imenso contributo para a democratização” do País e pelo seu papel na “internacionalização do municipalismo cabo-verdiano”.
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