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PM “ignorou” socorro e passou mensagens privadas para ministra demitir directora dos Serviços Penitenciários
Política

PM “ignorou” socorro e passou mensagens privadas para ministra demitir directora dos Serviços Penitenciários

Antes de destituir Andyra Lima do cargo de directora geral dos Serviços Penitenciários e Reinserção Social, a ministra da Justiça recebeu do primeiro-ministro print de mensagens privadas entre a jurista o primeiro-ministro, a quem Lima pedira ajuda por, alegadamente, estar a ser vítima de assédio por parte de Joana Rosa. A cópia dessas trocas de mensagens consta do recurso da governante ao Supremo Tribunal de Justiça, que, numa primeira decisão, mandou pagar os salários de Andyra Lima na sequência de uma providência cautelar. O caso poderá originar queixa-crime contra Joana Rosa e Ulisses Correia e Silva.

Santiago Magazine já estava na posse desses dados quando o jornal A Nação fez hoje, quinta-feira, 3, manchete desse caso, titulando que “Andyra Lima sente-se traída pelo primeiro-ministro”. Em causa uma troca de mensagens, em privado, entre a ex-directora geral dos Serviços Prisionais e Reinserção Social e o primeiro-ministro que foi parar às mãos da ministra da Justiça, que acabaria por demitir Andyra Lima do cargo.

O print dessa troca de mensagens, peça no processo contra a jurista Andyra Lima, foi encaminhado por Ulisses Correia e Silva à ministra Joana Rosa uma semana antes da demissão de Andyra, activista e militante do MpD.

Nesse diálogo via Messenger, a ex-directora dos Serviços prisionais denunciava situações de assédio que estaria a sofrer por parte da ministra da Justiça, apelando ao chefe do governo intervenção para resolver a quezília.

Só que, em vez de intermediar, ouvindo as partes, o primeiro-ministro fez print das mensagens privadas que trocou com Andyra Lima e encaminhou a foto para Joana Rosa. Uma semana depois, a ministra rompeu as relações com a sua então directora dos Serviços Penitenciários, demitindo-a do cargo, cerca de três meses depois de ter sido nomeada.

Andyra Lima, insatisfeita, agiu judicialmente contra a decisão e o caso correi seus trâmites até chegar ao Supremo Tribunal de Justiça, que mandou pagar todos os seus salários, em decorrência de uma providência cautelar.

Na sua contra-argumentação, o gabinete jurídico da ministra Joana Rosa arrolou como uma das provas para justificar a destituição de Andyra precisamente as mensagens que ela trocou com o primeiro-ministro, onde Lima, curiosamente, até estava a pedir ajuda ao PM por alegadamente estar a sofrer “assédio” por porte da governante. Isso, uma semana antes da sua demissão.

Ulisses Correia e Silva, pelo que se depreende, ignorou tal pedido de “socorro” e em vez de acudir a ex-directora dos Serviços Penitenciários, fez print de uma comunicação privada com uma dirigente e servidora pública para encaminhar à ministra Joana Rosa, que acabaria então por dar por finda a comissão de serviço de Andyra Lima, com quem a política maiense não se deu bem desde que assumiu o cargo governamental. Aliás, nessa troca de mensagens com o PM, Lima, a dado passo, afirma que sabe que não foi escolha da minstra Joana Rosa, mas que não estava a aguentar tanto assédio. Nesse print, a propósito, aparece, debaixo da foto do diálogo Andyra-PM, parte de uma conversa do Ulisses com Joana Rosa em que esta escreve: "temos de fechar a PJ", frase ainda por descortinar seu sentido.

O processo principal Andyra vs Ministéro da Justiça corre seus trâmites junto do STJ, mas a jurista admite avançar com uma queixa-crime contra a ministra da Justiça, Joana Rosa, por uso indevido e ilegal de mensagem particular em processo, e eventualmente contra o próprio primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, que, a seu ver, a terá traído quand dele precisou, por isso cúmplice na trama, disse a própria ao Santiago Magazine.

 

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