Os principais partidos políticos de Cabo Verde estão a intensificar o apelo ao voto, contra a abstenção no último dia de campanha eleitoral para as eleições autárquicas de domingo.
“Não há razão para indecisão, não há razão para abstenção”, disse o presidente do Movimento pela Democracia (MpD) e atual primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, num vídeo publicado na Internet.
Há quatro anos, o MpD ganhou em 14 câmaras, enquanto o Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV) venceu em oito: apesar da derrota, cresceu em número de municípios e conquistou a cidade da Praia.
Francisco Carvalho, autarca que procura a reeleição na capital, fez o mais recente apelo contra a abstenção, do lado do PAICV: “Domingo todos têm de ir votar, ninguém pode ficar em casa”.
“Cada um deve ir chamar toda a família, amigos, vizinhos e colegas para irem votar”, referiu também em vídeo, nas redes sociais.
Em 2020, a abstenção geral na votação para as câmaras foi de 41,6%, com a Praia a registar a maior taxa, 55,6%, sendo o único município em que mais de metade dos 86 mil inscritos não votou.
Carvalho e Abraão Vicente, ex-ministro da Cultura e do Mar que o MpD escolheu para tentar reconquistar a maior câmara do país, desdobram-se hoje nas últimas ações de campanha e comícios - tal como Juciliano Vieira, candidato da UCID, e Carlos Lopes, do Partido do Trabalho e da Solidariedade (PTS), desafiantes do bipartidarismo.
Na Praia, há ainda um partido que não concorre à presidência do município, mas apenas à assembleia municipal: o Partido Popular (PP).
Em todo o arquipélago, há 62 listas a concorrer às câmaras municipais, entre os quais, cinco movimentos de cidadãos.
Nos 22 municípios espalhados pelas 10 ilhas de Cabo Verde a agenda é para cumprir: a campanha termina hoje, sábado é dia de reflexão e, no domingo, a votação decorre entre as 08:00 e as 18:00 (entre as 09:00 e 19:00 em Lisboa).
O Governo assinou, na quinta-feira, um despacho a garantir que durante todo o período de funcionamento das assembleias de voto estejam abertos os serviços públicos necessários ao apoio às eleições, por exemplo, para emissão de documentos.
Devem estar abertos os serviços de registos, notariado e identificação, casas do cidadão, delegacias de saúde, escolas públicas e a Inspeção Geral das Atividades Económicas (IGAE) deve estar no terreno.
A IGAE caberá vigiar o respeito pela proibição de venda de bebidas alcoólicas num raio de 500 metros das assembleias de voto.
As duas semanas de campanha decorreram sem incidentes, salvo alguns processos instaurados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), por contraordenação eleitoral, contra candidaturas que realizaram publicidade comercial através de publicações patrocinadas nas redes sociais.
Cerca de 352 mil eleitores estão inscritos, um aumento de cerca de dez mil face às últimas eleições, as presidenciais de outubro de 2021.
Em comparação com as autárquicas de 2020, são sensivelmente mais 15 mil.
Cerca de metade estão em três municípios: a capital, Praia, na ilha de Santiago, com 26% dos eleitores, 16% no município de São Vicente, que cobre toda a ilha com o mesmo nome e inclui o Mindelo, segunda cidade mais populosa do arquipélago e 8% em Santa Catarina, no interior da ilha de Santiago.
A logística eleitoral vai envolver 1.079 mesas de voto.
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