O PAICV não acredita nos números sobre o crescimento do emprego, apresentados pelo Instituto Nacional de Estatística, que fala num crescimento de mais de 5 por cento do emprego no país. Samilo Moreira, secretário adjunto do partido para questões financeiras, estranha que dois meses depois de o seu partido solicitar ao INE informações para análise, que não foram facultadas, surgirem agora dados divulgados desde Dezembro e "retomados agora com estranhas motivações".
"A 30 de Dezembro de 2019, o INE divulgou os Dados sobre o Emprego no país, sendo, de seguida, secundado pelos Membros de governo, com grandes manifestações de satisfação, pelo anúncio do desemprego. À data, o PAICV se posicionou, estranhando que, nessa divulgação, não tenham constatado duas informações fundamentais para a análise dos dados sobre o emprego, em qualquer País", começa o texto de Samilo Moreira, publicado na página do PAICV na internet e nas redes sociais.
De acordo com esse texto, "não constavam na divulgação do INE os dados sobre os Sectores de actividade onde esses empregos,"supostamente" gerados,haviam sido criados", assim como "não constavam na divulgação do INE os dados sobre as Ilhas, Municípios ou Concelhos onde esses empregos , 'supostamente' gerados, haviam sido criados".
Segundo Moreira, o PAICV solicitou ao INE na alrura essas informações, porém sem feedback. "Agora, e passados dois meses, vem o INE divulgar os Sectores de Actividade onde esses empregos terão sido 'supostamente' gerados. Mas, o País continua sem saber onde é que esses "supostos" empregos terão sido gerados".
O PAICV admite ter ficado satisfeito com a divulgação dos números ora apresentados ("dois meses depois"), e que havia solicitado na sua Conferência de Imprensa, a 31 de Dezembro de 2019, mas o partido tambarina completa que "não pode deixar de repudiar a clara tentativa do Governo de Cabo Verde, e da maioria que o suporta, de manipular as Estatísticas, com o objectivo de enganar os cabo-verdianos".
Pergunta Samilo Moreira: "Por que razão vem o Governo e o MpD anunciar, novamente e passados 2 meses, os dados do emprego, que já tinham sido socializados pelo INE (através da Nota de Imprensa do dia 30 de Dezembro de 2019, relativo ao 1.º semestre de 2019)? Por que razão, o INE esperou 9 meses (6 meses em 2019 e 2 meses em 2020), para apresentar os dados completos do mercado de trabalho, relativos ao 1.º semestre (de Janeiro a Junho) de 2019? Em que data pretende o INE apresentar ao País os dados do 2.º Semestre de 2019 (ou seja, os dados de Julho a Dezembro)?"
Na óptica do PAICV não se sabe onde estão esses empregos criados, "pois se foram criados empregos, eles têm de estar em algum lugar!"
"Apelamos ao Governo que venha dizer aos cabo-verdianos onde é que esses supostos empregos foram criados. Foi em Santo Antão? Ou foi em São Vicente? Foi em São Nicolau ou foi no Maio? Foi em Santiago Norte, com 3 anos de seca consecutiva? Ou foi na Praia onde os Jovens se queixam todos os dias nas redes Sociais, da falta de empregos e de oportunidades? Foi no Fogo? Ou foi na Brava, que está a ficar com cada vez menos habitantes?", insiste Moreira, para quem "o objectivo do actual Governo é claro: Depois de ter destruído cerca de 15 mil empregos em 2017 e 2018 (6 mil empregos, em 2017, e 9 mil empregos, em 2018), o Governo tinha de passar a mensagem que o desemprego está a diminuir. Até porque o Dr. Ulisses Correia e Silva e o MpD prometeram 45 mil empregos dignos para os jovens cabo-verdianos. E, estando já num ano pré-eleitoral, o Governo tinha de dar respostas".
O texto do PAICV, assinado por Samilo Moreira, afirma que a solução encontrada pelo Executivo foi "massificar os estágios profissionais!". "E (claro) esses estágios profissionais foram contabilizados nos dados do Emprego, como o próprio INE reconheceu (em resposta á solicitação do PAICV, no dia 7 de Janeiro de 2020). Há duas perguntas que importa colocar aos cabo-verdianos: Estágio profissional é emprego? Afinal, os 45 mil empregos dignos, prometidos aos jovens cabo-verdianos, eram estágios profissionais?"
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