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JPAI manifesta apreensão e desagrado com intenção de governo em despedir mais de 600 enfermeiros
Política

JPAI manifesta apreensão e desagrado com intenção de governo em despedir mais de 600 enfermeiros

A Juventude do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (JPAI) disse hoje ter recebido com apreensão, desagrado e muita tristeza a notícia em que o Governo, através de uma nota justificativa produzida e entregue pelo Ministério da Saúde, pretende enviar para casa mais de 600 enfermeiros, a maioria jovens.

Em conferência de imprensa, o membro da comissão política nacional do JPAI, Éder Brito, disse que foram contactados por vários destes jovens enfermeiros, provenientes de todas as ilhas de Cabo Verde, muitos ainda a pagar as despesas da sua formação académica, inclusive no banco, e muitos chefes de família com filhos menores e vários compromissos.

“A Juventude do PAICV recebe esta notícia com apreensão, desagrado e muita tristeza. Assim aproveitamos para manifestar a nossa solidariedade com estes jovens e as suas famílias, e exortamos ao Primeiro Ministro e ao Ministro da Saúde para arrepiar caminho e anular esta medida que só vai prejudicar centenas de famílias, quando vivemos ainda uma situação difícil e complexa no nosso país”, disse.

Conforme relaram estes jovens, disse, neste momento, a situação entre estes enfermeiros é de “muito pânico” e “desalento”, com muitos a se mostrarem “extremamente preocupados” com os problemas que irão surgir para as suas famílias, “por terem sidos enviados para casa pelo Governo do MpD, chefiado per Ulisses Correia e Silva”.

“Desde de 2020, com o início da pandemia da COVID-19, vários enfermeiros e enfermeiras foram contratados, grande parte desses técnicos são jovens recém-formados. Entretanto, a contratação destas mais de seis centenas de enfermeiros, jovens a maioria, foi feita em condições muito duvidosas e precárias, como fomos informados… sem qualquer segurança no seu vínculo laboral”, afirmou.

“Como é do conhecimento de todos o Governo de Cabo Verde não pode, jamais, contribuir para a precariedade laboral no país, fenómeno já reinante no seio da nossa realidade e sobretudo na juventude Cabo-verdiana”, completou.

Éder Brito  frisou ainda que, apesar desses jovens enfermeiros e enfermeiras terem prestado um “grande serviço” à nação cabo-verdiana e terem colocado, inclusive, as suas vidas em risco profissional durante esse período pandémico, a tratar de pacientes doentes de COVID-19, os mesmos não têm trabalhado apenas no âmbito da COVID-19, mas também prestado serviços de saúde nas várias e distintas áreas nos Hospitais, nas Delegacias de Saúde, nos Centros de Saúde, ou seja, nos curativos, na maternidade, na pediatria, nos cuidados intensivos, dentre outros.

“Portanto, é de se estranhar que, apesar dessa incansável entrega, profissionalismo, dias de isolamento, com, às vezes, um enfermeiro por centro de isolamento profilático; com enfermeiros que, devido à sua intensa exposição profissional ao vírus, foram, pelo menos, três vezes, infetados com a COVID-19, e, por vezes com sintomas graves”, realçou,

Apesar de toda “essa entrega profissional”, disse Éder Brito, que o Governo do MpD, num momento de “extrema dificuldade” nacional, devido à inflação dos preços de produtos e serviços essenciais, anuncia uma medida para mandar para casa mais de 600 enfermeiros, maioria jovens.

“A presente medida demonstra uma tremenda falta de sensibilidade do Governo, principalmente do Ministro da Saúde com a sua própria classe de prestadores de serviço de saúde. Entendia-se que o Ministro da saúde protegeria a sua classe, porém, não é o que se observa”, ressaltou.

A JPAI, disse Éder Brito, lamenta, igualmente, que o Primeiro Ministro “nada tenha feito” para impedir esse descarte massivo de mão de obra jovem, qualificada e profissional cabo-verdiana.

“Assim reiteramos ao Ministro da Saúde e ao Primeiro Ministro que repensem esta medida. Um Governo da República preocupado com os seus nacionais não pode instigar e promover a precariedade laboral e muito menos o desemprego jovem”, continuou.

Obviamente, pontuou, existe uma questão que precisa ser analisada, a começar, apontou, pelo facto de a maioria dos enfermeiros ter tido a obrigação de permanecer em um local de trabalho específico, horários de trabalho pré-definidos, tendo alguns inclusive tomado férias, apesar de usarem a terminologia “descanso”.

“Assim, fica a dúvida de até que ponto a relação laboral existente entre os enfermeiros e o Ministério da Saúde era meramente de prestação de serviços. Estes argumentos estão expostos numa carta aberta enviada ao Ministério da Saúde pelos enfermeiros e enfermeiras”, concluiu.

 

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