O deputado do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), José Sanches, anunciou este sábado, 7 de dezembro, que não vai candidatar-se à liderança do partido por considerar haver “manipulação” e “degradação” de princípios e valores edificados pelo partido democrático.
José Sanches fez este anúncio numa declaração à imprensa efctuada na Assembleia Nacional, tendo na altura afirmado que “pela primeira vez no mundo um partido democrático vai ao congresso com um número maior de delegados natos em relação a delegados a serem eleitos”.
“A Janira, ou seja, a direcção do PAICV tem como delegados natos 193 delegados para o congresso e falta eleger 171, o que é inédito na democracia a nível mundial. Antes das eleições internas a actual líder do partido já tem vitória conseguida com cerca de 60%”, destacou.
Segundo José Sanches, a direcção do PAICV tudo fez para “inviabilizar” a sua candidatura que, no seu ponto de vista, estava a merecer “uma grande simpatia dos militantes.
O deputado do PAICV disse, ainda, que a direcção do partido sempre concebeu estas eleições internas como um simples escrutínio de recondução, pelo que, furtaram-se ao dever de colaboração, e socorrendo-se de todo o tipo de armadilha, inviabilizaram a candidatura de uma proposta alternativa de governação do partido aos militantes.
“A sonegação da base de dados solicitados, não nos foi facultado, a criação de comissões para organização do congresso e criação de comissão para revisão dos estatutos do partido, com elementos afectos a uma única candidatura, e redução de número de militantes cerca de 36 mil para 30 mil foi um assalto ao partido”, acrescentou.
Porém o mais grave de tudo isso, conforme José Sanches, consiste na redução do número de delegados ao Congresso de cerca de 500 ou 600 para 364 delegados.
O deputado do PAICV ressaltou, ainda, que era o seu desejo fazer desta jornada um momento de reflexão e recuperação do partido, pois, os cabo-verdianos merecem que o PAICV seja coeso e aja na tolerância e diálogo, sem que a oposição contrária seja arma de eliminação de qualquer militante que não esteja atado à actua liderança.
“Com tudo isto decidimos viver pela democracia com transparência, com verdade e sem medo. Hoje é nosso propósito afirmar a Cabo Verde e cabo-verdianos que não vamos inviabilizar esta farsa que se convencionou chamar de eleições internas do PAICV”, ajuntou.
Na sua declaração, José Sanches reafirmou a sua disponibilidade em continuar o seu projecto de unir e trabalhar pela unidade dos membros do PAICV.
O Congresso do maior partido da oposição vai acontecer com 364 delegados, sendo 121 delegados natos, 36 quota do JPAI, 36 quota para Federação das Mulheres e 171 delegados eleitos.
Com Inforpress
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