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Governo nega ter metido 100 mil contos na CVA, mas não esclarece paradeiro dos 48 mil contos da venda à Icelandair
Política

Governo nega ter metido 100 mil contos na CVA, mas não esclarece paradeiro dos 48 mil contos da venda à Icelandair

O ministro dos Assuntos Parlamentares afirmou no Parlamento que é falso que o Governo “está a meter 100 mil contos” na Cabo Verde Airlines como o PAICV e sua líder “estão a fazer crer”. Ficou entretanto por esclarecer onde páram os 48 mil contos que a Icelandair deveria pagar ao estado de Cabo Verde desde Dezembro do ano passado pelos 51% das acções da companhia.

O PAICV introduziu ontem o tema CVAirlines no perido de questões gerais no Parlamento e foi logo interrogando o Governo sobre o novo aval concedido à empresa no valor de 100 mil contos, que, na óptica dos tambarinas, se tratou de mais injecção de capital na transportadora aérea de bandeira nacional, detida hoje mariotariamente pela Lofleidr, do Grupo islandês Icelandair. Fernando Elísio Freire, que intervinha hoje no período das questões gerais, após uma declaração política e acesos debates à volta da CVA, explicou que o aval foi uma garantia para a empresa poder ter acesso a financiamento bancário e pagar salários, devido à quebra de actividades, por causa da covid-19.

“O PAICV e sua líder querem que Governo não faça a garantia e a empresa não pague os salários. Quer o povo na rua a manifestar-se contra o Governo e trabalhadores com dificuldades em casa”, disse, questionando Janira Hoppfer Almada se enquanto líder partidária entende que o Governo não devia dar garantias para pagar salários numa empresa onde é dono de 49% das acções. “É desumano e antipatriótico não dar aval para um empréstimo deste”, realçou.

Segundo Fernando Elísio Freire, os TACV encontravam-se “num bom caminho, com maior número de passageiros e de rotas”, colocando Cabo Verde “no centro de um grande gateway” na sub-região africana, com “mais aviões a circularem e mais turistas a visitarem o País. “Portanto já havia uma solução delineada que veio a ser atrasada pela pandemia da covid-19”, justificou, acusando o PAICV de fazer oposição em boatos.

O que o Governo fez, salientou o ministro, está de acordo com aquilo que está a ser feito em vários países do mundo, que lutam para salvar as suas companhias no período de crise. “Quando a Lufthansa, da Alemanha, maior economia europeia, quando a United, pertencente a um país como Estados Unidos de Américo, ou a TAP, pertencente à Portugal entram em falência, o seu governo intervém para defender os postos de trabalho. Em Cabo Verde a líder da oposição é contra porque quer ver estas famílias em dificuldades para poder fazer campanha contra o Governo”, disse.

Fernando Elísio Freire afirmou que o Governo tinha e tem uma solução para a CVA, sendo que o foco deste momento é de vencer a covid-19 e continuar a desenvolver-se com foco nos cabo-verdianos.

Em reacção, a deputada e líder do PAICV, Janira Hopffer Almada, classificou de populista as declarações do ministro e disse que, em vez de estar a acusá-la, o Governo devia criar as condições para que os trabalhadores da CVA não continuem a receber de dois em dois meses. “Mais importante do que estar a atacar a deputada Janira Hoppfer Almada é assumir o mandato que o povo lhe deu com responsabilidade, com verdade, e sobretudo colocando os interesses do país em primeiro lugar”, declarou a mesma fonte.

Antes, o deputado Julião Varela, do PAICV, tinha sublinhado que os avales aos CVA não iniciaram com a covid-19. “É totalmente inverdade que os avales se devam à covid-19. Na verdade em 2017 o Governo já tinha concedido um aval de 1,4 milhões de contos, em 2018 cinco milhões contos, mais 4,2 milhões de contos em 2019, em 2020 mais 2,9 milhões de contos e neste momento os avales já ultrapassam os 12 milhões de contos”, precisou o deputado do PAICV.

O período de questões gerais terminou com uma intervenção do líder parlamentar do PAICV, Rui Semedo, a questionar pelo paradeiro dos 48 mil contos, da venda dos TACV, e o ministro a afirmar que não pode pronunciar-se sobre algo que não existe.

A verdade é que no ponto 3 do contrato de compra e venda (Preço de Compra) assinado a 1 de Março de 2019 entre o Governo e a Loftleidr, do grupo Icelandair, ficou estabelecido que que o valor da transação "é de 1.318.102,50 Euros (um milhão, trezentos e dezoito mil, cento e dois euros e cinquenta cêntimos) e será pago de acordo com o seguinte: 878.735,00 euros (oitocentos e setenta e oito mil, setecentos e trinta e cinco euros) através da liquidação total da dívida do Vendedor (entenda-se, Estado de Cabo Verde) para com o Comprador, relacionadas com a implementação do Acordo de Gestão, na data de conclusão; 439.367,50 euros (quatrocentos e trinta e nove mil, trezentos e sessenta e sete euros e cinquenta cêntimos) no dia 31 de Dezembro de 2019".

Ou seja, são esses 439 mil euros, equivalentes a 48 mil contos, que estão por esclarecer sobre o seu paradeiro. As dúvidas levantadas pelo líder do grupo parlamentar do PAICV, Rui Semedo, são legítimas, uma vez que o Governo não disse se recebeu esse valor nem tãopouco se chegou a cobrar e se não recebeu por que não cobra e se o dinheiro entrou para onde foi canalizado?

O ministro de Estado, Fernando Elisio Freire, em resposta, insistiu ainda assim que esses 48 mil contos não existem.

Santiago Magazine/Inforpress

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