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Ódio, intolerância e violência deixam rasto de morte nos EUA
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Ódio, intolerância e violência deixam rasto de morte nos EUA

Foi detido junto ao carro o suspeito que atropelou deliberadamente pessoas que se manifestavam pacificamente contra um comício de supremacistas brancos em Charlottesville, Virginia. Morreu uma mulher de 32 anos e 19 pessoas ficaram feridas

James Fields é o nome do homem de 20 anos do Ohio que foi preso este sábado, 12, acusado de crime. Conduzia o veículo que atirou para cima de um grupo de pessoas que se manifestava pacificamente contra o comício de supremacistas brancos em Charlottesville. Uma cidade da Virginia onde a expressão “sul dos Estados Unidos” ganhou ontem novos contornos. Do atropelamento brutal resultaram um morto e 19 feridos.

“Foi acusado de crime em segundo grau, três acusações de ferimentos deliberados e outra por não ter parado num acidente do qual resultou uma morte”, declarou o coronel Martin Kumer ao diário britânico “The Guardian”. Um responsável do FBI de Richmond acrescentou estar a abrir uma investigação de direitos civis ao acidente em colaboração com a divisão homónima do Departamento de Justiça.

Um helicóptero que fazia parte da segurança pública daquele evento despenhou-se numa zona florestal contígua matando o piloto e o co-piloto. No final do dia, o presidente da câmara, Mike Signer, escreveu na sua conta de Twitter: “Tenho o coração despedaçado por se ter perdido uma vida aqui. Exorto todas as pessoas de boa vontade a irem embora”.

“Vão-se embora... que vergonha. Fingem ser patriotas, mas são tudo menos patriotas”, declarou o governador da Virgina, Terry McAuliffe., referindo-se aos supremacistas, numa conferência de imprensa no final do dia de sábado.

“O que vimos hoje não é o que Charlottesville é”, disse à CNN o chefe da polícia, Al Thomas. “Nós adoramos a nossa cidade, esta não é a nossa história, as pessoas de fora não contam a nossa história, nós é que o faremos”, acrescentou Thomas relativamente à violência que precedeu o comício.

Desde a manhã de ontem que McAuliffe tinha declarado o estado de emergência na cidade uma vez que, desde dias antes, milhares de supremacistas brancos terem rumado à cidade onde participariam no comício “Unite the Right” (Unir a direita). Para o outro lado da barricada rumaram os contramanifestantes, entre os quais o grupo de esquerda radical Antifa (Anti-fascismo).

Este era o pano de fundo de um cenário aparentemente preparado para tudo. Bastaria observar o equipamento, bandeiras, tochas, capacetes e escudos que os manifestante de extrema direita envergavam para se perceber a qualidade de sentimentos que ali iriam estar em jogo. O “Huffington Post” enumera-os: racismo, antissemitismo, sexismo, puro ódio, e conclui: “Olhando as fotografias e vídeos dos acontecimentos na Virginia uma pessoa pensaria estar de volta à era da luta pelos direitos civis”.

Depois de marcharem à luz de tochas da Universidade da Virginia até à estátua de Thomas Jefferson, neo-nazis, membros do alt-right e supremacistas brancos cercaram os contra-manifestantes entoando cânticos. O bloguer de direita Jason Kessler planeou esta “marcha pró-branca” para contestar a decisão da câmara de Charlottesville de remover a estátua do general Robert E. Lee [general americano conhecido por ter comandado o exército da confederação da Virgina do Norte na guerra civil americana de 1862 até à sua rendição, em 1865] de um parque do centro da cidade.

O Presidente Donald Trump reagiu a partir de New Jersey: “Condenamos nos mais duros termos esta demonstração de ódio, intolerância e violência de todas as origens e lados”. O facto de não ter referido uma palavra à alt-right foi prontamente criticado, obrigando o porta-voz da Casa Branca a amplificar mais tarde a posição de Trump: “O Presidente condenou o ódio, a intolerância e a violência de todas as origens e lados. Houve violência entre os manifestantes e contramanifestantes”.

“Olhem o que está a acontecer à América em 2017” titulava o artigo do “Huffington Post” onde se descreve o contexto dos confrontos e do brutal atropelamento de sábado.

Expresso (PT)

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Redação