Entrelinhas

É um dado objetivo! A informação que nos chega é perturbadora para o candidato do MPD na cidade da Praia: a deslocação de Korpo Rixu aos Estados Unidos da América (EUA) saldou-se por uma grande vergonha para Abraão Vicente, e evidenciou a fragilidade do partido junto da comunidade cabo-verdiana.

E as comparações são inevitáveis com a deslocação de Francisco Carvalho, com uma multidão a participar no jantar e a presença de autoridades locais norte-americanas.

Recorrendo a truques…

Pelo contrário, o Comissário do Governo vagueou por estabelecimentos comerciais, fez contactos esporádicos nas ruas e participou num jantar (no mesmo restaurante onde esteve Francisco) que ficou muito aquém das expectativas.

Para ocultar a vergonha (e recorrendo a um velho truque de manipulação de imagem), a candidatura de Abraão apresenta fotos com o candidato no meio das pessoas, varrendo as cabeças e dando a sensação que está muita gente. É um truque bem conhecido de qualquer estagiário de fotojornalismo. No entanto, a foto por nós publicada na entrada deste texto, com Abraão falando num plano mais alto, dá a imagem real das pessoas presentes.

Principais militantes viraram costas ao partido

Os “históricos” do partido nos EUA, os principais militantes que no passado deram grandes vitórias ao MPD, não participaram no jantar nem nas ações de rua, e as críticas vão diretas para os organizadores da deslocação, que não têm qualquer influência junto da comunidade e, nalguns casos, são até rejeitados pelos militantes. Aliás, o mesmo já havia acontecido nas últimas eleições presidenciais, aquando de uma visita de Carlos Veiga.

Na candidatura de Abraão já se considera um erro a ida do candidato aos EUA, porquanto cavou ainda mais a sensação de desânimo que se abateu sobre a militância do MPD na cidade da Praia e expôs o pior momento do partido naquele país.

MPD tem vindo a perder influência nos EUA

Um momento crítico que, aliás, vem na sequência da reiterada perda de influência do MPD nos últimos anos, principalmente por más escolhas de candidatos pelo Círculo Eleitoral das Américas e na opção pelas pessoas erradas para dirigirem o partido.

E nem a passagem de Carlos Veiga pelos EUA, onde chegou a ser embaixador de Cabo Verde, alterou esta tendência de refluxo do partido.

A doença parece ser crónica e o seu início está datado: 2013, altura em que Ulisses Correia e Silva assumiu a liderança do MPD. Ironicamente, uma liderança que lhe foi oferecida de bandeja por Carlos Veiga, e a quem o (ainda) primeiro-ministro prejudicou a candidatura.