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Eleições presidenciais e negociatas por debaixo da mesa
Entrelinhas

Eleições presidenciais e negociatas por debaixo da mesa

...a maior parte dessas pessoas, que antes diziam cobras e lagartos de Carlos Veiga, são hoje poderosos empresários ou então empreendedores que beneficiaram de avultados meios públicos, como terrenos e financiamentos, para, no caso de alguns deles, até agora não fazerem coisa nenhuma (alguém sabe dizer o que se passou com o empreendimento Santiago Golf Resort, lançado nos anos 90 quando Carlos Veiga era PM?) ; outros ainda estão envolvidos, até aos cabelos, em negócios obscuros e pouco transparentes, como é o caso do badalado processo da “Mafia dos terrenos” na capital e que, finalmente, já chegou às barras dos tribunais onde se espera que a justiça seja feita e os prevaricadores sejam devidamente punidos, nos termos da lei.

O anuncio feito por António Monteiro do seu apoio à candidatura de Carlos Veiga nas eleições presidências de 18 de outubro próximo, como não podia deixar de ser, surpreendeu os meios políticos cabo-verdianos por ser de todo inesperado e, sobretudo, porque contraria o desejo da grande maioria do militantes e simpatizantes da UCID e que têm expressado o seu desacordo e mesmo indignação.

Todavia e de acordo com as informações que circulam por aí, o apoio de António Monteiro a  Carlos Veiga mais não é do que o resultado de uma hipotética “negociata” entre os dois, a qual envolve a atribuição de um certo montante em dinheiro (fala-se em 25 mil contos), bem como (pasmem-se!) de três postos de embaixador indicados pelo cada vez mais contestado e desgastado presidente da UCID que, descaradamente, continua agarrado ao lugar depois de ser ele mesmo a garantir, logo depois de conhecidos os resultados das ultimas eleições legislativas, de  que iria  deixar de fazer politica activa.

Também no quadro das negociações para obter novos apoios,  circulou uma informação sobre um almoço num restaurante da capital entre Carlos Veiga e um putativo candidato que já anunciou a sua desistência à corrida para a chefia do Estado. Está claro que negociações para ganhar apoio de terceiros num pleito eleitoral, são  normais  e legítimas em democracia. No entanto, o que já não é aceitável e muito menos compreensível, é oferecer como contrapartida  um cargo público (no caso de embaixador), por parte de alguém que não tem legitimidade  para o fazer.

Estes acordos, feitos por debaixo da mesa, deixam claro que Carlos Veiga, depois de duas derrotas consecutivas em eleições anteriores, está desposto a fazer de tudo fazer para, finalmente, chegar ao Palácio do Platô, um sonho que acalenta desde que foi catapultado pelos promotores da fundação  do  Movimento para Democracia para a liderança do novel partido, sem que antes tivesse tido um papel determinante  para a mudança do regime, que aconteceu em finais dos anos 80 e inicio dos 90 do século passado. Basta reparar que por essa altura, ele pertencia à bancada do PAICV na Assembleia Nacional.

Já se sabe que, para o efeito, o agora travestido de Kálu   ( uma maleita que causa dores horríveis a aqueles que sofrem deste mal)  dispõe de avultadíssimos recursos financeiros e outros meios que, como é visível e notório, ele vem utilizando para levar a cabo uma campanha agressiva e furiosa,  visando a  compra de consciências para convencer os mais incautos da bondade do seu projecto politico que não  é, nada mais nada menos, do que um projecto pessoal de alguém que, em principio,  já tem idade para ir para a reforma  e não para lutar desesperadamente para exercer uma actividade publica de tamanha responsabilidade e muito exigente como é a de um Presidente da República.

Está claro que, para obter os seus intentos,  o homem  não hesita em recorrer a toda e qualquer iniciativa e aliança  que possa contribuir para branquear a sua imagem e até transformá-lo na maior figura politica (pai da democracia, pode?) que o país conheceu desde sempre. Para levar a água ao seu moinho,   este senhor parece contar com o apoio incondicional  mesmo daquelas pessoas que o conheceram de perto e com ele conviveram ao longo do seu consulado com Primeiro-Ministro e sofreram na pele os efeitos das suas atitudes autoritárias e de vingança em relação aos que ousavam contrariá-lo.

De facto, a nação vem assistindo  estupefacta e incrédula aos depoimentos abonatórios à pessoa de Carlos Veiga por parte de algumas dessa gente que outrora foi vitima   das arbitrariedades daquele que, na altura, mandava e desmandava no País, ou seja “ta pita ta djuga”. O exemplo do que acabamos de dizer  aconteceu numa propalada  reportagem encomendada a uma estacão televisiva da praça (Record Cabo Verde) e que vem sendo repetida ao longo dos últimos dias. Alguém pode imaginar quanto terá custado esta operação de autentica campanha eleitoral, feita fora do tempo estipulado por lei para o efeito.  Espera-se que, neste caso de incumprimento da lei, quem de direito se pronuncie eem tempo oportuno e a situacao exige.

No entanto, a maior parte dessas pessoas, que antes diziam cobras e lagartos de Carlos Veiga, são hoje poderosos empresários ou então empreendedores que beneficiaram  de avultados meios públicos, como terrenos e financiamentos, para, no caso de alguns deles, até agora não fazerem coisa nenhuma (alguém sabe dizer o que se passou com o empreendimento Santiago Golf Resort, lançado nos anos 90 quando Carlos Veiga era PM?) ;  outros ainda estão  envolvidos, até aos cabelos,  em negócios obscuros e pouco transparentes, como  é o caso do badalado processo da “Mafia dos terrenos” na capital e que, finalmente, já chegou às barras dos tribunais onde se espera que a justiça seja feita e os prevaricadores sejam devidamente punidos, nos termos da lei.

Tudo isso leva as pessoas com o minimio de bom-senso a interrogar-se sobre as razoes de fundo desta que parece ser uma “santa aliança”  entre este candidato a Presidente da Republica e os outrora seus detractores, alguns dos quais  chegaram a dizer publicamente que Carlos Veiga era  mais ditador do que o português António de Oliveira Salazar. Estou certo ou  estou errado?

Toda a gente está farta de saber  também que Carlos Veiga não era nem de perto nem de longe a primeira escolha do MpD para suceder a Jorge Carlos Fonseca. Contudo, a actual liderança  “ventoinha” não teve outra alternativa senão aceitar  dar o seu apoio ao seu antigo chefe quando este se antecipou  e veio anunciar publicamente que seria candidato “com ou sem apoio do MpD”.

Quem assim procede para, acima de tudo, impor a sua vontade e ambições pessoais e não as da Nação não oferece o mínimo de garantia de que será capaz  de vir a exercer as nobres funções de Presidente da Republica, que deve, antes de mais, ser um  árbitro para cumprir e fazer cumprir a Constituição.

 

 

 

 

 

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