O artesão de Tarrafal de Santiago Simplício da Silva afirma que quer ensinar cestaria e outras técnicas aos mais jovens e pediu apoio das entidades governamentais para ajudá-lo a “cumprir o sonho antes de morrer”.
Foi no Centro Estágio do Mindelo, em São Vicente, local onde os artesãos que participam na edição 2024 da feira URDI, que a Inforpress esteve à fala com este artesão.
Simplício já conta 69 anos de vida, diz que não sabe ler nem escrever, mas por onde vai leva com ele “os livros da vida”, que são ensinamentos que aprendeu com os seus pais e avós os quais não quer “levar para o túmulo”, mas “transmiti-los aos mais jovens”.
“As pessoas devem aprender com os mais velhos que são autênticos livros que estão a deteriorar-se. É preciso voltar atrás, para a tradição, porque nós os mais velhos temos a quarta classe da natureza, a escola de vida. Tenho mais de 10 livros de experiência, mas quero deixar alguém como pelo menos quatro deles”, disse o artesão que já participou em exposições em Portugal e canárias.
Considerando que já está a terminar a sua “viagem de vida”, porque já ultrapassou cinco décadas, Simplício defendeu que é necessário aliar a experiência dos mais velhos com a inovação dos mais jovens.
Caso contrário, adiantou, Cabo Verde ficará mais pobre porque há várias técnicas de arte e outros saberes que foram abandonados pela geração actual.
“Nenhum governo consegue dar trabalho a toda a gente. Por isso os responsáveis, da câmara e do Governo, devem aproveitar-nos para ensinar os mais jovens porque através da arte as pessoas podem criar o próprio emprego. Só preciso que me paguem apenas o suficiente para tomar um café por dia”, reiterou a mesma fonte que se orgulha de ter conseguido pagar os estudos dos filhos apenas a trabalhar como artesão.
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