Herménio Fernandes. Um político caro!
Editorial

Herménio Fernandes. Um político caro!

Herménio Fernandes é um político caro. Custa muito ao concelho que dirige. Só em 2017, um ano de seca severa, o seu gabinete gastou 21 milhões, 227 mil, 203 escudos. Muito dinheiro, diga-se de passagem, num concelho com cerca de 15 mil almas, das quais cerca de 70%, ou seja, sensivelmente 10 mil e 500 pessoas vivem da agricultura de subsistência, criação de gado e pesca tradicional. Um concelho muito pobre, portanto! Onde o comércio é residual e o desemprego pode ser considerado endémico, sobretudo na camada juvenil.

Os dados que Santiago Magazine traz aqui constam da conta de gerência da Câmara Municipal de São Miguel referente ao ano 2017.

Herménio Fernandes é, pois, um político que custa muito dinheiro ao povo que ele jurou amar, proteger e defender. Em 2017, o seu gabinete gastou qualquer coisa como 8 milhões, 414 mil, 874 escudos com o pessoal contratado, isto para além de 5 milhões, 127 mil, 936 escudos com o pessoal do quadro especial, e mais um milhão, 618 mil e 400 escudos que foram parar aos bolsos do pessoal do quadro. O país está perante um político que se arregimenta de staffs bem pagos. Certamente, os desafios do processo de desenvolvimento de um dos concelhos mais pobres do país assim exigem. Quem sabe?...

Neste mesmo ano, Herménio Fernandes gastou só em ajudas de custos, deslocações e estadas um milhão, 970 mil e 560 escudos. A este montante se junta ainda a quantia de um milhão, 11 mil e 568 escudos em despesas de representação. Juntando o dinheiro das ajudas de custos, deslocações e estadas e o dinheiro de representação, chega-se ao montante de 2 milhões, 982 mil e 128 escudos. Este dinheiro, quando dividido por 12 meses, dá 248 mil e 510 escudos mensais.

Ora, Herménio Fernandes recebe um salário mensal de 136 mil escudos. Tem ainda direito ao subsídio de comunicação de 13 mil e 600, subsídio de representação de 20 mil e 400 escudos e ainda um subsídio de renda de casa de 70 mil escudos. Este dinheiro todo, quando somado, dá 240 mil escudos mensais. Se se juntar o salário mensal mais o dinheiro das deslocações e representação, a soma será de 488 mil e 510 escudos mensais.

Ora, isto aqui é muita massa para um bolso só, num concelho onde o desemprego pode ser considerado endémico e muitas famílias não conseguem três refeições quentes por dia.

Herménio Fernandes é o político que recusou morar numa das residências oficiais mais emblemáticas de Cabo Verde, alegando que o edifício não está em condições de habitabilidade. Em situações destas, as regras da boa gestão dos recursos públicos recomendam que se faça obras de benfeitorias e recuperação do prédio. Mas não, o político Herménio Fernandes entende que a melhor solução é abandonar o edifício – que está a cair aos poucos – abocanhando, em contrapartida, 70 mil escudos mensais de subsídio de renda de casa.

O político mais caro de Cabo Verde é um tipo porreiro! Rodeia-se de amigos e faz o que bem entender, contando inclusive com a cobertura de figuras de proa da cadeia alimentar do MpD – usando as terminologias do seu colega de partido, o ministro Abraão Vicente.

Por isso é o único autarca de Cabo Verde que anda de BMW, cujo preço ronda os 80 mil euros. Uma viatura considerada de luxo, e que, ao que consta, se desloca à Praia, duas vezes por dia, só para levar e buscar um filho do presidente da Câmara Municipal, que tem apenas 6 anos de idade, e estuda na capital do país. Um político que afirma estar a transformar São Miguel no melhor lugar para se viver, mas não confia nas capacidades do seu concelho para educar o seu filho menor.

Cabo Verde está perante um político que se gaba de estar bem protegido pelo poder, e que o seu problema como autarca não é dinheiro, entretanto, não foi capaz de terminar a construção das casas das famílias que foram desalojadas com a construção da barragem de Flamengos, percorridos quase 3 anos que o Governo terá mandado transferir para São Miguel perto de 60 mil contos para o efeito.

Em 2017, Herménio Fernandes investiu apenas 11 milhões, 457 mil e 528 escudos com a construção dessas habitações. A questão que se coloca é esta: onde está o saldo remanescente, já que as obras ainda não foram concluídas?

Este político está tão comprometido com o processo de desenvolvimento de São Miguel que, em 2017, investiu apenas 69 mil e 990 escudos com a formação profissional diversa; 57 mil e 250 escudos com empoderamento de mulheres; 59 mil e 320 escudos com a promoção de saúde; 52 mil escudos com associativismo juvenil; 20 mil escudos com aquisição de materiais de pescas e botes; 11 mil e 124 escudos com apoio pré-escolar; 94 mil e 500 escudos com formação de agentes desportivos; nenhum escudo com as peixeiras.

A conta de gerência de 2017 não faz referência aos investimentos nos setores da agricultura e pecuária, dois polos fundamentais no processo de desenvolvimento de São Miguel, porquanto empregam mais de 70% da população do concelho.

Santiago Magazine não teve ainda acesso às contas de gerência de 2018. Oportunamente dará a conhecer ao país, os detalhes das despesas de um político que tem custado caro ao concelho de São Miguel e ao país. Herménio Fernandes. Um político caro!

A direção,

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