Os subsídios de desemprego atribuídos pelo Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) caíram para menos de metade nos primeiros cinco meses do ano, face ao mesmo período de 2021, segundo dados da instituição.
De acordo com o mais recente relatório do INPS, com dados provisórios até maio de 2022 compilados hoje pela Lusa, Cabo Verde gastou com 1.069 subsídios de desemprego atribuídos em cinco meses um total superior a 18.203.000 escudos (163,5 mil euros).
No mesmo período de 2021 (janeiro a maio), a segurança social cabo-verdiana pagou 2.231 subsídios de desemprego, num total de mais de 38.243.000 escudos (343,7 mil euros), tratando-se por isso de uma quebra, em número, de 52% face ao verificado este ano.
Após um pico de 232 subsídios de desemprego atribuídos em março, o registo mensal mais elevado em sete meses, essa atribuição tem estado em queda, para 227 em abril e 220 em maio, segundo os mesmos dados do INPS.
Desde o início da pandemia de covid-19 o pico registou-se em abril do ano passado, com a atribuição de subsídios de desemprego num único mês no valor de 10.657.000 escudos (95 mil euros).
Em 31 de dezembro de 2021 terminou a vigência do mecanismo de suspensão simplificada do contrato de trabalho. Neste regime de 'lay-off', que estava em vigor desde abril de 2020 devido à pandemia de covid-19, o INPS suportava mais de metade do salário dos trabalhadores abrangidos.
"Este instrumento ['lay-off'] teve um grande impacto na atenuação do crescimento do desemprego em Cabo Verde", reconheceu anteriormente o vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.
O valor dos subsídios de desemprego atribuídos em Cabo Verde pelo INPS caiu 53% em 2021, face ao ano anterior, para 63,4 milhões de escudos (575 mil euros), contra os mais de 135,2 milhões de escudos (1,2 milhões de euros) de janeiro a dezembro de 2020.
O INPS atribuiu em todo o ano passado 3.811 prestações mensais de subsídio de desemprego, número que em igual período de 2020 foi de 8.536, essencialmente a partir de abril, devido aos efeitos económicos da pandemia de covid-19 no arquipélago.
A atribuição de subsídios de desemprego em Cabo Verde disparou desde abril de 2020, até ao máximo de 1.262 em julho desse ano. Desde abril de 2021 (566) que a atribuição desses apoios estava em queda, com 142 registados pelo INPS em dezembro passado.
Mais de 40% dos trabalhadores que perderam o emprego em Cabo Verde em 2020, durante a pandemia de covid-19, são da ilha do Sal, a mais turística do arquipélago, segundo dados anteriores do INPS.
O Produto Interno Bruto (PIB) de Cabo Verde depende em 25% do turismo - tal como o impacto no emprego -, com um recorde de 819 mil turistas em 2019, mas parado desde a pandemia, provocando uma queda superior a 60% durante o ano de 2020.
A criação de emprego em Cabo Verde em 2021 e 2022 não será suficiente para compensar a perda de praticamente 20 mil postos de trabalho em 2020 devido à covid-19, segundo dados de estimativas oficiais compilados pela Lusa.
As previsões constam do documento de suporte à lei do Orçamento do Estado para 2022, que estima a criação de 9.749 empregos líquidos este ano.
Para 2021, o Governo estimava a criação de 6.021 postos de trabalho líquidos, pelo que em dois anos serão criados 15.770 empregos, cumprindo-se as previsões.
Contudo, só em 2020, devido às consequências económicas da pandemia, nomeadamente a total ausência de turismo desde março, Cabo Verde perdeu 19.718 empregos líquidos.
Em 2019, Cabo Verde criou 11.344 empregos líquidos, segundo dados do Governo.
Cabo Verde fechou com uma taxa de desemprego de 14,5% em 2020 - 11,3% em 2019 -, contra a expectativa governamental de quase 20%, um resultado menos negativo explicado com os sucessivos períodos de 'lay-off', sobretudo abrangendo as empresas ligadas ao turismo, em que o trabalhador recebe 70% do salário, suportado em parte pela segurança social cabo-verdiana.
O Governo estima ter terminado 2021 com uma taxa de desemprego idêntica, de 14,5%, que espera baixar para 14,2% em 2022.
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