Os operadores económicos no ramo de hotelaria na ilha do Sal estão cépticos quanto à retoma do turismo, mesmo com o anúncio da abertura de voos prevista para 15 de Dezembro, vislumbrando essa possibilidade lá para finais de 2021.
O sentimento dos operadores económicos confirma que a situação futura no sector não vai melhorar nos próximos tempos, enquanto as grandes tours operadoras, como a TUI, Tomas Cook, por exemplo, não começarem a voar para Cabo Verde, estando-se a falar, neste momento, na abertura com voos da TAP e da Cabo Verde Connect, com recurso aos aviões da SATA.
“Não acredito nalguma retoma do turismo, este ano, enquanto as grandes operadoras não começarem a voar para Cabo Verde, e estamos a ver o que está a passar na Europa”, comentou Patone Lobo, dono do Hotel Odjo d’Água, prognosticando a reconquista do turismo lá para o Inverno de 2021.
“Enquanto não se encontrar a vacina… até lá, será muito difícil”, observou, pouco animado, apontando, entretanto, que o Hotel Odjo d’Água está preparado para receber turistas, tendo adoptado medidas sanitárias e higiene contra covid-19, para garantir segurança aos visitantes.
Composto por 113 quartos, para um universo de mais de uma centena de empregados, em ‘lay off’, segundo Patone, alguns já começaram, entretanto, a trabalhar, mesmo sem movimento, cumprindo um período de três horas diárias.
“Vamos pagando salário, os 35 por cento, que a lei prevê neste contexto de pandemia, enquanto tiver dinheiro”, manifestou o empresário, referindo que os clientes que o hotel tem recebido ultimamente, tem sido a tripulação de um cargueiro russo, que periodicamente escala a ilha, pessoas de outras ilhas do País, comitiva ou membros do Governo que vêm para dois ou três dias.
“A situação é séria e complicada, péssima mesmo. As portas do hotel continuam abertas… a teimar para não fechar”, reiterou em tom de preocupação.
Questionado se o turismo interno funciona, o empresário responde negativamente, já que, conforme analisou, é “meia dúzia” de pessoas, acoplado ao elevado preço das passagens, o que “não compensa”, mormente neste contexto de pandemia, em que as pessoas, “não estão dispostas a aventuras”, tendo em conta o momento.
Já a gerente do Hotel da Luz, Nicoleta da Luz, disse que o estabelecimento vem trabalhando há três semanas, encontrando-se, também, preparado a nível sanitário e de higiene, porém sem clientes.
“Estamos praticamente a zero, e com alguma reserva quanto à retoma do turismo, este ano. Com a reabertura dos voos, as coisas poderão melhorar, mas de forma muito lenta”, estimou.
Nicoleta da Luz disse que o hotel contava com alguma reserva para o mês de Dezembro, mas foram canceladas tendo em conta a evolução da pandemia da covid-19 lá fora, nos países emissores.
“Estamos numa incerteza. Acredito que a retoma só será possível, em Outubro de 2021. Antes disso, o movimento será muito tímido. Tudo vai depender da evolução da pandemia, descoberta da vacina (…)”, anteviu.
Enquanto isso, a responsável informou que o Hotel da Luz vai promovendo preços e pacotes especiais para os nacionais que procuram o empreendimento, mas mesmo, assim, a adesão tem sido muito pouca.
Também, para Manuel António, dono do Hotel Pontão, a expectativa não é grande, já que a retoma “não vai ser tão fácil”.
“Temos que ser positivos, mas não há grandes expectativas. A retoma do turismo no país vai levar seu tempo. Há que haver toda uma reorganização, programação dos voos… não vai ser tão fácil”, vaticinou.
Considerando que a esperança é a última virtude a morrer, os operadores económicos desejam ter um encontro com o Governo para análise e esclarecimentos da falada retoma de turismo “sem optimismos exagerados”.
Perspectivando, por um lado, contar com o apoio do Governo até 2021, mas por outro, reticentes quanto à abertura das instituições bancárias no sentido da continuidade do não pagamento dos créditos, durante esse tempo de pandemia, uns e outros receiam “falência” das empresas se os bancos não tiverem esse entendimento.
Com Inforpress
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários