O Governo reconheceu hoje que os transportes marítimos continuam a ser um desafio que precisa ser debelado totalmente, mas que se encontra em fase de aprovação por financiadores internacionais o processo de compra de pelo menos dois navios.
Quem o disse foi o ministro do Mar, Abraão Vicente, no seu discurso de abertura hoje do conselho do Ministério do Mar, que reúne, no Mindelo, todas as direções e instituições sob sua tutela.
Num longo discurso, que percorreu todos os sectores e subsectores do Ministério do Mar, Abraão Vicente sublinhou que a assinatura da adenda ao contrato com a CV Interilhas, “salvo problemas pontuais, por avaria ou questões de força maior, provocados pelo estado do mar”, o cumprimento do acordo tem sido “bastante elevado”.
Contudo, assinalou, a meta é a introdução de navios novos nas rotas marinhas, para trazer “mais conforto, previsibilidade e mais segurança” a quem queira viajar via marítima.
“Uma equipa técnica conjunta do Governo, liderado pelo Ministério do Mar, deslocou-se à Grécia e neste momento temos sobre a mesa orçamentos em análise e, em fase de aprovação por financiadores internacionais, o processo de compra de pelo menos dois navios”, declarou o ministro.
Nesta mesma linha, Abraão Vicente disse que o Governo tem em marcha um processo de modernização das gares marítimas em todas as ilhas, num vasto processo de modernização de uma logística que faça prosperar o negócio da cabotagem, não só a nível de passageiros como de cargas.
Ademais, di-lo o ministro, existe a obrigação de avaliar as infra-estruturas portuárias existentes em cada ilha, identificar as necessidades de modernização e expansão, priorizando as ilhas com maior demanda e potencial de crescimento económico, ou seja, “não ficar por aquilo que já existe, olhar para além daquilo que já existe”.
Num outro ponto do seu discurso, o ministro considerou que a inauguração do terminal de cruzeiros de São Vicente, no próximo ano, deverá abrir “um novo filão”, não só de negócio, mas também de governação, mas que é preciso um “forte investimento” na promoção do turismo marítimo no País, com o terminal como farol.
“Mas é necessário envolver todas as ilhas do arquipélago e motivar o sector empresarial a apostar e garantir, a tempo, novos investimentos que o terminal trará”, sintetizou.
O ministro lembrou que é necessário continuar a modernizar e expandir os portos do País, e aqui disse esperar ter até ao final do ano “a boa notícia” da confirmação do financiamento do alargamento do Porto Grande de São Vicente e do alongamento do porto do Porto Novo em Santo Antão.
“O processo de lançamento da privatização dos portos de Cabo Verde está em fase terminal”, anunciou, o que vai ajudar no processo de aumento da capacidade de carga e melhorar a eficiência operacional, tornando o País “mais competitivo” no mercado global.
A nível da cooperação internacional, Abraão Vicente considerou que o mês de Outubro vai marcar “uma nova etapa” para a investigação marítima e científica, com a assinatura do novo acordo entre a Geomar (Alemanha) e o Centro Oceanográfico do Mindelo.
No entanto, chamou a atenção das universidades “com ambição nacional” para assumirem o seu papel, tendo nomeado a UTA e a Uni-CV, não apenas como centro de formação e promoção de novas carreiras académicas, de técnicos investigadores que conseguem os seus mestrados ou doutoramentos e pós-doutoramentos, mas que, precisou, praticamente pouco têm retribuído ao campo empresarial e da governação.
“As universidades são instituições que devem contribuir de uma forma ainda mais visível para o processo de governação, de criação de empresas para fazer crescer o tecido empresarial em Cabo Verde”, assumiu Abraão Vicente.
Num discurso voltado para dentro, o ministro apelou aos dirigentes e técnicos do seu ministério para não se distraírem com agendas que não são as prioridades do País, daí pedir aos mesmos para afinarem a visão institucional e interna para que a prioridades do trabalho do Ministério do Mar sejam os problemas e os desafios de Cabo Verde.
“Não podemos nos distrair com viagens internacionais, com agendas em que o País não é prioridade, antes o foco deve ser nos problemas que precisam ser resolvidas a nível nacional”, avisou.
No seu discurso de abertura, o ministro do Mar apelou ainda à consciência ambiental, até porque, considerou, Cabo Verde enfrenta “desafios significativos” e as mudanças climáticas e o aumento do nível do mar representam uma ameaça para a Economia Azul cabo-verdiana, pelo que o Ministério do Mar é chamado a liderar uma agenda forte para a acção climática e para as acções climáticas.
Durante o período da manhã os presentes no conselho do Ministério do Mar assistiram ainda ao lançamento do portal do mar, um site que reúne grande parte dos serviços ligados ao sector marítimo em Cabo Verde.
O conselho do Ministério do Mar é ocasião para o balanço anual das actividades finalizadas e em curso, para projectar o futuro do sector do mar e afinar as sinergias necessárias para alcançar os objectivos propostos.
Decorre sob o lema “Um mar de oportunidades – emprego, conectividade e desenvolvimento sustentável”, e junta os conselhos de administração e directivos das tuteladas e empresas do Estado, directores executivos, director de gabinete, gestoras dos fundos autónomos e assessores do ministro.
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