O jovem artista mindelense Blooting quer conquistar a diáspora cabo-verdiana e o mundo com a sua arte de customização em roupas e sapatilhas que já o possibilita ganhar a vida e morar sozinho aos 21 anos.
Na verdade, `Blooting´ foi a alcunha colocada por amigos de zona, ainda na adolescência, mas que agora considera o caracterizar melhor que o nome dado pelos pais à nascença, Diego Silva Pires.
A partir deste nome, o jovem de jeito meigo e olhar curioso, disse ter começado a construir a sua trajectória e construir a sua marca “Blooting Customise”.
Os primeiros passos foram dados a partir da sua aptidão pelo desenho e por outras artes manuais, como carpintaria e serralharia, cultivadas desde criança.
“Tenho tios pintores, carpinteiros e minha mãe que gosta de desenhar e decorar e acredito que quando se cresce num ambiente que tem este tipo de influência, isso interfere na tua educação e na tua vida posteriormente”, considerou.
E foi com essa influência que, há cerca de cinco anos, começou a rasgar as suas calças jeans e pintar em paredes, um pouco para descontar alguma “raiva e angústia” derivadas de problemas familiares.
Momentos ruins que decidiu transformar em algo positivo, em arte, depois de ter ido morar sozinho, devido a desavenças com a mãe.
Uma nova fase em que abandonou os estudos para poder ajudar financeiramente em casa e trabalhar em um mini-mercado, do qual foi despedido após um ano e oito meses, alegadamente para não ser efectivado.
“Fechou-se uma porta, mas mil abriram-se para mim. Isso obrigou-me a investir nos meus produtos e materiais e usei o subsídio de desemprego como investimento”, explicou Blooting, que disse ter ganho a sua independência e passou a ver a vida com outros olhos.
Ao lidar agora com mais responsabilidade, amadurecimento e o “afincar de pés no chão” assumiu-se como um “costumizador”, inicialmente com o trabalho divulgado por amigos, no boca-a-boca, e depois em outras dimensões através das suas páginas nas redes sociais.
Hoje tenta aprimorar as suas técnicas com pesquisas, mas também com o seu talento natural, tanto assim é que além das calças jeans também transforma sapatilhas velhas, dando-as nova vida customizada, ou seja, adequada às necessidades e gostos de cada cliente.
Talvez seja por isso que está a conquistar clientes a cada dia, a ponto de já ter muita solicitação e uma “agenda lotada” para este mês de Dezembro.
“Projectei 2024 para divulgar o meu trabalho e estou a correr atrás todos os dias e a alcançar pouco a pouco, não preciso de pressa”, admitiu a mesma fonte, que adiantou ter realizado um sonho recentemente, o de participar na Feira de Artesanato e Design de Cabo Verde (URDI), onde esteve pela primeira vez a divulgar a sua arte.
Um desejo realizado deste jovem artesão que se orgulha de fazer a maior parte das suas obras com as mãos, através do seu "dom e sabedoria", que tem tentado aperfeiçoar a cada desafio.
Como projectos futuros, Blooting almeja ter o seu ateliê e estúdio para que as pessoas possam visitar, dialogar e ver o seu trabalho e, mais ainda, quer também ser conhecido, tanto na diáspora cabo-verdiana, como mundialmente.
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