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Farmácias sem medicamentos, hospitais sem reagentes. Emprofac sob investigação da ERIS
Economia

Farmácias sem medicamentos, hospitais sem reagentes. Emprofac sob investigação da ERIS

A Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) iniciou esta semana uma inspecção contra a Emprofac devido às inúmeras queixas que vem recebendo das várias farmácias do país que reclamam de várias rupturas de medicamentos em todo o arquipélago. Mesmo os hospitais estão sem reagentes e outros equipamentos de cuidados médicos comercializados pela Emprofac. O problema estará nos constantes desentendimentos entre as administradoras Melina Veiga e Ana Ribeiro.

Vários medicamentos inclusive para doenças crónicas não se encontram nas prateleiras das farmácias desde o início do ano. A situação tem levado muitos utentes a denunciar nas redes sociais essas rupturas no stock sem data para reposição. Também os hospitais estão a trabalhar sem muitos equipamentos e reagentes, como, de resto, foi notícia o caso do Hospital do Porto Novo.

As farmácias questionaram a Emprofac, empresa responsável pela comercialização e distribuição de medicamentos, mas não terão obtido resposta. Segundo Santiago Magazine apurou, por causa disso, pelo menos onze farmácias de diferentes ilhas recorreram à Entidade Reguladora Independente da Saúde, que já iniciou uma inspecção na Emprofac para averiguar qual o motivo de ruptura em tantos medicamentos e apurar responsansabilidades.

Divergências

Segundo fontes de Santiago Magazine todo este problema que afecta as farmácias e os utentes se deve ao facto de a actual Administração ainda não ter feito as adjudicações do Plano de Compras para 2021. Normalmente, essas adjudicações, por meio de concurso público internacional, são feitas em Outubro do ano anterior, mas devido a divergências sérias existentes entre as Administradoras Ana Ribeiro e Melina Veiga, não se lançou concurso nenhum para o fornecimento de medicamentos para este ano de 2021.

A nossa fonte informa ainda que, por causa da pandemia, havia também a hipótese defendida ainda quando Gil Évora era o presidente, de se manter a adjudicação directa à empresa que forncera os produtos no ano anterior, em 2020, de modo a agilizar o processo.

Consta então que a administradora Ana Ribeiro teria decidido seguir esse caminho, encomendando os medicamentos, só que Melina Veiga teria desautorizado a colega de administração enviando um outro e-mail ao fornecedor a cancelar o pedido, "alegando que tem de ser ela, Veiga, a tratar desse assunto", evidenciando "um clima de cortar à faca" entre as duas gestoras da Emprofac, que vem piorando a cada dia.

Sucede que desde a saída de Gil Évora do cargo de PCA da emprofac, em Agosto de 2020, o vice-primeiro ministro, Olavo Correia, manteve as duas na administração interinamente mas com Ana Ribeiro a ter voto de qualidade, e Melina Veiga como presidente. Olavo Correia não nomneou um novo conselho como anunciara, pelo que a relação entre as duas gestoras, com poderes quase equiparados, começou a erodir, a ponto de haver desautorizações com reflexões no acesso dos cabo-verdianos aos medicamentos e nas contas da empresa.

"As rupturas de medicamentos atingiram um nivel nunca presenciado na empresa, a má gestao é a prática corrente e no final de 2020 a empresa foi obrigada a queimar cerca de 48.000 contos de medicamentos inutilizados devido aos prazos e em virtude de compras excessivas feitas durante esse ano", revela outra fonte de Santiago Magazine.

O mesmo interlocutor indica ainda que "os lucros da Emprofac cairam este ano mais de 30% saindo dos 204.000 contos em 2019 para cerca de 130.000 contos em 2020 e os indicadores financeiros da empresa degradam-se".

Tudo isso já era do conhecimento do Governo, mas, faz saber" a nossa fonte, a administração que era para ser interina continua inamovível, apesar dos resultados negativos, por causa do apelido Veiga que a presidente substituta ostenta. caso contrário já não estava lá".
Santiago Magazine espera ter a reacção da Emprofac o mais breve possível.

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