Cabo Verde precisa de cerca de 80 milhões de euros para fazer frente à situação de emergência, resultado da crise alimentar, energética e da guerra da Ucrânia, declarou hoje vice-primeiro-ministro e ministro das Finanças, Olavo Correia.
O governante, que falava durante uma conferência de imprensa para balanço da missão do GAO, adiantou que 50% desse montante, ou seja, 40 milhões de euros, já está acordado com os parceiros do Grupo de Apoio Orçamental (GAO), existindo ainda um gap financeiro de 40 milhões de euros para acudir às necessidades, em termos de intervenção do Estado.
“Os dados que nós temos hoje em termos de intervenção de Estado para protelar as famílias, a as empresas e para proteger a coesão social e a acelerar a transição energética apontam para valores a volta de 80 milhões que é volume extraordinariamente importante que nós não temos no Orçamento do Estado e temos de mobilizar os recursos externos para podermos intervir”, disse.
“Temos a nível da ajuda orçamental já acordado com os parceiros do GAO um valor de 40 milhões de euros. Significa que temos ainda um gap adicional de 40 milhões”, explicou, indicando, entretanto, que nesta última missão do GAO os dados foram apresentados, mas que não houve qualquer acordo.
Olavo Correia argumentou que as consequências da crise da Guerra na Ucrânia estão a revelar-se muito mais severas que as crises da pandemia da covid-19, num cenário em que os recursos existentes para garantir a protecção são “cada vez mais limitados”.
Da parte do GAO, a porta-voz do grupo, a embaixadora da União Europeia, Carla Grijó, adiantou que há “toda abertura” para ajudar os países na mobilização dos recursos necessários para fazer face a essa tripla crise.
“Todos os parceiros que estão aqui presentes têm hierarquias, têm sedes e não se podem comprometer nesta reunião com números específicos, mas o que nós comprometemos sim, foi com o nosso continuado empenho em procurar, quer na nossa programação de médio e longo prazos, quer em respostas que possamos dar de uma forma mais imediata em contribuir para mobilizar estes fundos, que o governo estima serem necessários”, declarou a diplomata.
No entanto, Carla Grijó alertou o Governo para a necessidade de se mobilizar o sector privado para esse esforço.
“Essa é uma realidade que devemos ter cada vez mais presente. Por exemplo, no que tange à transição energética, que é um objectivo de médio e longo prazo, mas que importa desde já tomar medidas para concretizar, não só por causa da crise que foram referidas, mas também para fazer face a uma quarta crise que é muito relevante que é do aquecimento global do planeta”, recomendou.
O vice-primeiro-ministro declarou-se “contente” com a existência dessa abertura da parte dos parceiros do GAO para discutir com o Governo as melhores soluções para viabilizar um quadro de financiamento que possa permitir ao estado intervir a curto prazo, promovendo uma estratégia de médio e longo prazos.
Olavo Correia adiantou que o Governo vai continuar a trabalhar para acelerar essa agenda e a melhorar respostas a estas crises.
“Acelerar as reformas, acelerar a agenda para podermos construir uma economia diversificada e resiliente, mais azul, mais verde, mais digital e mais inteligente, mas é óbvio que nós precisamos dos parceiros para gerirmos a fase mais emergencial que na verdade vivemos em Cabo Verde”, sustentou.
A missão do GAO que ficou marcada pelo regresso da Espanha decorreu de 09 a 15 de Junho de 2022 e foi oportunidade para discutir com o Governo questões relacionadas com estabilidade macro-económica, situação fiscal, a gestão das finanças públicas, emprego e empregabilidade, a redução da pobreza entre outros aspectos.
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