Dizia, algures, um certo velho
Que por nada se faz tanto barulho
Mas nós agora sentimos orgulho
De fazer barulho no dia 5 de Julho
Foi no ano 75 do século passado
Na nossa querida cidade da Praia
Que o nosso primeiro Ino foi entoado
No interior do Estádio da Várzea
Que a Bandeira de 5 chagas se vergou
A da estrela negra numa haste se içou
Pois, a independência se confirmou
Um novo desafio, porém, se iniciou.
Quase meio século já volvido
Muitas coisas têm acontecido
Várias traições foram perpetradas
Vergonhas na cara foram ignoradas.
Por todos os cantos ecoava o brado
— Nos térra e pa nos povu.
Mas o que por fim foi constatado
É que Nos térra e pa nos poku.
A nossa terra é para nós os poucos
Já nem é para os seus melhores filhos.
Os que do mato vieram são apodados
Durante sessões no nosso Parlamento.
Vieram do mato!… Não têm decência
Derrotaram os Tugas!… São criminosos
Optaram pela independência!…
São incautos, reles e palermas.
Já dizem que Cabral e ka nada,
Que não é herói, nem pai da nação,
Que não é figura da nossa História
Que não deve estar no nosso coração.
Como fazem tanto barulho por nada!
E não o fariam se não houvesse 5 de Julho.
Até assumem que são Segundos Europeus
Coisa que nem sequer existe.
Palmarejo, 02/07/2019
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