Vidiadhar Surajprasad Naipaul morreu este sábado, em Inglaterra, com 85 anos, de “forma pacífica”, disse a sua família em comunicado. Em vida, porém, escolheu várias lutas, quer nos seus livros, onde não evitava o confronto com temas sensíveis, como no seu dia a dia, tendo ficado conhecido pelas suas duras críticas ao governo de Tony Blair, ao escritor Paul Theroux, de quem foi mentor, e ao romance de EM Foster “Passagem para a Índia” (Europa-América).
Prémio Nobel com mais de 30 livros publicados em vários géneros, da memória ao romance, da banda desenhada à literatura de viagens, um dos seus mais famosos livros, “A House for Mr Biswas”, ou “Uma Casa para o Sr. Biswas (Companhia das Letras), é considerado por vários críticos o seu melhor livro. Nele, Naipaul conta a história do pai, que foi repórter para o “The Trinidad Guardian”. V.S. Naipaul, assim assinava, nasceu na ex-colónia britânica, que já tinha sido possessão espanhola, holandesa e francesa, e foi muito influenciado pela vida nesta ilha das Caraíbas. Em 1959 publica o seu primeiro romance, chamado “Miguel Street”.
Quando lhe entregou o Nobel, a academia sueca distinguiu-o por ter conseguido “unir nos seus trabalhos narrativas vivas e escrutínio incorruptível” de uma forma que “nos obriga a aperceber-nos da presença de histórias suprimidas”.
Além de uma prolífica carreira literária, Naipaul colecionou também controvérsia, principalmente com as posições que assumiu em questões relacionadas com cultura e religião. Num festival literário em Cheltenham, em 2001, disse que ajudou a educar os cidadãos na Índia e que os seus livros eram mal recebidos porque as massas não tinham densidade intelectual para o entender. “O problema de pessoas como eu a escrever sobre sociedades onde não há vida intelectual é que, se escrevermos sobre isso, as pessoas ficam zangadas”, disse.
Também no início dos anos 2000, numa entrevista com a “Literary Review”, atacou o escritor EM Forster e o economista John Maynard Keynes como “homossexuais que exploram os mais fracos”. Tony Blair, ex-primeiro-ministro britânico, era “um filisteu cultural” e um “campeão dos plebeus que se celebra a si mesmo por ser um plebeu”. O Islão, e foi por esta razão que mais foi criticado, tem, nas suas palavras, o mesmo “efeito calamitoso na sociedade que teve a colonialismo”.
Expresso.pt
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