Bairros que sofrem / E murmuram em silêncio / Por um dia de paz / Sem mortes ou enterros
Coração que sangra
Por vidas que não importam
Estaticamente contadas como mortos
Parecendo fatalidade
Ou coisas perecíveis
De que se abre mão
Sem qualquer dor
Tudo no mesmo palco de sempre
Os subúrbios desta cidade
Ontem foi o João
Amanhã o Pedro
Depois de amanhã, não se sabe
Mas o palco é o mesmo
Bairros que sofrem
E murmuram em silêncio
Por um dia de paz
Sem mortes ou enterros
Enquanto a humanidade nesta urbe
Vulgariza, sem se indignar
A morte e a miséria dos subúrbios
Sob os holofotes da comunicação social
O olhar atento das redes sociais
e a fofoca do dia-a-dia
Dos cidadãos desta cidade
Tudo estatisticamente contabilizado
Como se de vidas não falássemos
E já não é a fome que mata
Perante o pesado fardo dos subúrbios
Da minha cidade
Vou-me embora nos versos deste poema
Porque a bala ou a faca
Fará mais uma vítima
A qualquer momento
No mesmo palco de sempre
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