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Agosto & Sol
Cultura

Agosto & Sol

À Eros&Psiquê

 I

Guardo no meu profundo íntimo, toda a luz do Sol para poder sentir o meu corpo, e ainda, as cores d’imagem e dos sons das ilhas. Amanhã, já é agosto do Sol, com vento, com bandeiras nas praias e de pedras escultóricas esculpidas pelas mãos do vento a olharem-nos, sem horizonte, sem lua ou sem olhos de casa.

Aguça, dentro de mim, um tamanho apetite para comer um peixe virtuoso borrifado com o sal e esqueço-me das bafientas e azedas alheiras da Mirandela mastigadas num zás-trás (!) algures na tasca “Morte Lenta” situada numa das travessas à rua São Lazaro, na cidade Invicta, passados já, mais de 30 longos anos, num dia de Sol abrasador de agosto.

O brilho do Sol, em agosto, reluz de uma forma desigual. A Minh ’alma metamorfoseia como – Deus do Sol da mitologia egípcia, e, renasce como o Sol que ora brilha aqui, ora brilha ali. É o Sol em Sol todos os dias, refletindo como as borboletas à procura do néctar das flores, entre a água lá em baixo no mar, e, em cima do cocuruto da nossa cabeça e nos cumes das nossas montanhas, para nos consolarem com a substância mais primordial do Universo: o nosso Céu.

 II

Ai-ai! Lembrei-me que o amor não sobrevive sem paixão e sem confiança. Qual mito d’ Eros e Psiquê como a alegoria à alma humana, que é tratada por provações diversas enfatizando valores morais relevantes a honra, a dignidade, a persistência, enfim, ao Amor. Qual Psiquê resgatada por Eros? A história d’Eros (Cupido), Psiquê cruza-se com a ciumenta Afrodite (Vênus). Ai-ai histórias mal contadas! Afrodite é uma divindade tão plural tão diversa, que tendemos a relacioná-la somente ao sexo e ao Amor.

Bonita história! Como rir o riso ou beijar o beijo da minha paixão. Narra-se que enquanto Psiquê entrega a caixa a Afrodite, Eros vai a Zêus e suplica que advogue em sua causa e Zêus concede esse pedido. Posteriormente consegue a concordância d’Afrodite e Hermes leva Psiquê à assembleia celestial para que ela se torne imortal. Mas que bênção divina no baú das memórias! Finalmente, Psiquê ficou unida a Eros e mais tarde tiveram uma filha cujo nome foi Hedonê a deusa do prazer.

 III

Pintar mitos e histórias nas escadas do Céu (!) Em obras d’arte Psiquê é representada como uma pura donzela, como casal de borboletas, uma simbologia que significa Psiquê como a borboleta, depois de uma vida rastejante como lagarta, flutua na brisa do dia e torna-se um dos belos aspetos da primavera.

Agora? Agora...imagina-se. A ilha se formos ilha ou o barco se formos barco ou, a vela se formos vela sem vento. Eu e a nossa ilha no meio do admirável mundo ilhéu em que tudo flutua e onde procuro convencer os mais céticos e ávidos, para que juntos naveguemos nas minhas infinitas rotas. Sem bússola, sem borboleta e sem Amor: no azul que é desta ilha e, com os olhos no horizonte ou, na lua.

 

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Redação