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A imortalidade em tempos de pandemia. Apontamentos avulsos de um confinado por mor da vigente situação de calamidade pública sanitária
Cultura

A imortalidade em tempos de pandemia. Apontamentos avulsos de um confinado por mor da vigente situação de calamidade pública sanitária

PRIMEIRAS ANOTAÇÕES. EM MODO (DE)AMBULATÓRIO E COSMOPOLITA  

Nenhuma criatura humana, contemporânea e testemunha do actual surto da pandemia do novo coronavírus (SARS-CoV-2) e da correlativa e muito letal primeira-e espera-se que única -vaga da COVID 19, duvidará que vivemos tempos excepcionais e extraordinários, quer pela velocidade da disseminação do vírus e da doença, quer pelos seus efeitos absolutamente globais e paradoxalmente igualitários, não diferenciando entre grandes, médios e pequenos países e potências (neles englobando, até, Estados exíguos), na sua incomensurável capacidade de contagiar as respectivas populações e, infectando-as e contaminando-as de forna implacável, de ceifar vidas humanas, em especial das pessoas mais idosas e de outras criaturas humanas integrantes dos conhhedidos e expressamente nomeados e identificados grupos de risco, tais os doentes oncológicos, os cardíacos, os diabéticos, entre outros, e de outros não nomeados mas também sobeja e tragicamente identificados grupos de risco, porque desde há muito conhecidos e sabidos como especialmente vulneráveis, quais sejam os seres humanos condenados à miséria e à pobreza extrema, por isso mesmo sem acesso e/ou com precário acesso aos cuidados de saúde, a uma habitação condigna, etc. e integrantes de certas minorias étnico-raciais e/ou étnico-culturais nos países ricos e desenvolvidos do Hemisfério Norte e das grandes maiorias ou de largas minorias populacionais nos países ditos pobres do Hemisfério Sul, países esses por vezes dotados de fabulosas riquezas naturais devidamente dissipadas, delapidadas e saqueadas pelas respectivas cleptoctacias nacionais, fiéis e submissas aliadas dos senhores e donos apátridas do capital internacional e dos amos financeiros transnacionais dos povos do mundo.

Em razão dessa sua única faculdade de discriminação negativa de idosos e de outros integrantes dos chamados grupos de risco (os nominados e os não nominados), o famigerado e mortífero vírus parece poupar as populações de algumas zonas do nosso comum planeta Terra, com destaque para a África Subsaariana, felizmente dotada de um clima quente durante quase todo o ano, clima esse que, segundo abalizados especialistas em virologia e pandemias, seria pouco propício à sobrevivência por muito tempo do amaldiçoado vírus e à respectiva difusão e propagação, e habitada, feliz ou infelizmente, por populações maioritariamente jovens, se bem que, amiúde, mal nutridas e drasticamente atingidas por outras mazelas (como o desemprego e o subemprego galopantes, a predominante ocupação na economia informal, etc.), cujas consequências dramáticas devastadoras se poderão fazer sentir com maior acuidade numa fase pós-pandemia, de regresso ao novo normal de re-abertura da economia e de amplos convívio e interacção nos espaços públicos, respeitados, é claro, o distanciamento (físico-) social de segurança e a requerida etiqueta sanitária, com lavagem frequente de mãos com água e sabão ou gel desinfectante, tele-trabalho, quando e sempre que possível, e uso generalizado de máscaras sociais pelos comuns mortais e uso restrito de máscaras cirúrgicas de diferentes níveis e teores pelos exaustos e heróicos profissionais das frentes de batalha ao tempestuoso novo coronavírus (SARS-Cov-2) e à COVID19 que são os profissionais dos serviços de saúde, dos serviços de segurança, dos serviços de protecção civil, da cadeia alimentar…

Anote-se ademais que, tendo as populações dos países do nosso continente uma, em geral, mais curta e débil esperança de vida que as populações dos países desenvolvidos, a África Subsaariana equatorial, tropical e subtropical fora já despojada de grande parte da sua população mais idosa, levada impiedosamente na voragem de outras anteriores e fulminantes epidemias e pandemias, como o ébola e a malária, esta ainda assaz presente e ameaçadora na sua iminente e actual acutilância mortal.

Parte dessas martirizadas populações ter-se-á, por outro lado, tornada cada vez mais resiliente e, quiçá, dotada de alguma imunidade de grupo, em razão das muitas catástrofes e tragédias sanitárias a que essas mesmas populações se viram sujeitas.   

NR: Este trabalho está dividido em 7 partes. O texto ora publicado é a primeira parte. De 3 em 3 dias, vai ser publicado uma parte

              

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Redação