...é urgente que na Praia e Santiago se instale condições que recentra a sua importância de sempre como plataforma de serviços no atlântico e cosmopolitismo que sempre as caraterizou provendo-lhes das infraestruturas e recursos humanos necessários para atrair e servir os negócios, oportunidades e mercados emergentes no atlântico.
Tendo participado nalguns programas da comunicação social relativo ao dia da Praia e ao desta cidade como município, ficaram muitas matérias por abarcar, principalmente em termos de propostas para contrapor aos inúmeros desafios que atualmente se coloca á capital. Trata-se, de alguns outros desafios que decorrem de processos muito atuais, mas também de processos anunciados para breve e que urge desta vez, preparar a nossa capital para não perder uma vez mais as oportunidades e possibilidades que a sua dinâmica natural gera.
Eis, a meu ver, algumas tarefas desafiantes essenciais que se coloca neste momento á Praia, Santiago:
- Num prazo de um mês se resolver a situação interna na CMP de forma a que o seu executivo possa aprovar num quadro de normalidade os instrumentos indispensáveis ao processamento do desenvolvimento da Cidade da Praia. A manutenção da situação atual é demonstrativa da indiferença que se instalou no país em relação ao processamento adequado de desenvolvimento da Praia e Santiago, dominando sempre os interesses outros que não os desta cidade e ilha! Daí o processo acelerado da desconstrução de Santiago mormente nos domínios do mar, turismo, industria, ordenamento do território (costeira)e habitação social! É preciso que coloquemos um fim a esses processos acelerados de desconstrução de Santiago nas suas várias formas!
- A abordagem de construção a breve trecho de vias alternativas (viadutos, tuneis, vias outras…) para aliviar o atual congestionamento de algumas vias de trafego rodoviário praiense designadamente a (s) que desemboca(m) na ponte de Vila Nova, na rotunda de Terra Branca e na rotunda de Lém Ferreira / Monumento da Rotary da Praia. É mister não permitir que o congestionamento do tráfego nas vias urbanas da Praia atinja o nível de caos do tráfego nas vias dos centos urbanos de Luanda, Lagos etc;
- O planeamento para a infraestruturação de extensão das pistas (de 2100 para 2 600 pelo menos), instalação de mais placas de estacionamento dos aviões, introdução de sala de espera á chegada, o alargamento de balcões de check in e de despacho dos passageiros á entrada e saída ou a construção do anunciado (em estudo) novo aeroporto com 3000m de pista e mangas. Estes são obrigatoriamente os encargos que impomos á negociação das concessões aeroportuárias em curso que as partes assinarão brevemente para 40 anos! É urgente, prioritário (a demanda do tráfego oblige!) e mais que justificável essas obras no Aeroporto da Praia tendo em conta a necessidade do exercício da capitalidade e a viabilização de importantes projetos da cidade que há muito esperam por esse aeroporto! É, por conseguinte, inaceitável a nega que a magnífica deputada Dra Lucia Passos encarou ao colocar a negociação dos respetivos financiamentos urgentes ao governo. Isto numa cidade e ilha em relação aos quais, normalmente, o parlamento e os decisores não têm uma visão e projetos para a materializar! Foi um momento raro, de estrondosos aplausos de todo Santiago, queira saber, Dra!
- O início da construção do Hospital Nacional ( na Praia nada se diz que é da Praia ou de Santiago!), que, se espera, dever ser equipado com condições ( equipamentos, pessoal …) que permitam tratar doenças/patologias hoje só tratadas lá fora! Mas como confiar que o projeto é para valer se, por exemplo, a preparação do pessoal médico que leva anos ainda sequer, que saibamos, se iniciou! O estudo, está pronto!?
- Negociar com as autoridades africanas concernentes a extensão da ramificação, para o centro de enchimento nacional do gás que fica na zona do Porto da Praia, do famigerado gasoduto Nigéria-Marrocos, que vai passar por todos os países da nossa sub-região exceto Cabo Verde! Seria uma forma sustentável de garantir regularidade de abastecimento de gás a bom preço (a granel diretamente do produtor) para o país e, também, um marco vigoroso no tão almejado feito de integração africana de um pequeno estado insular pobre nas grandes infrastruturas da sub-região (ou não passa de discurso, isso?). Sei que, tratando-se de um projeto que passaria por Praia, os costumeiros Santiago-pessimistas já estarão massacrando os meus ouvidos: Oh Zé, «keep dreaming», mas os santiaguenses não podem dar-se a esse luxo – sonhar! Mas olhem que a ramificação do cabo Ella Link / fibra ótica já está ali por 25 dinheiros! Se não sonharmos e não arriscarmos negociações não é só champanhe que não beberemos!… Mas há uma coisa: se sequer não conseguimos atender adequadamente as sessões de trabalho da CEDEAO, fica difícil!
- Não adiar mais a proposta que chega do Brasil e China para se constituir plataforma logística para o «trade» com passagem pelo Porto da Praia com a Africa Ocidental. É preciso retomar o cosmopolitismo da Praia/Santiago que nasceu séculos atrás e serviu todo o «trade» atlântico e com a Africa ocidental. É preciso converter em “trade” regional Santiago – Dacar/Africa Ocidental, o facto de nas peças de marketing e publicidade de C.Verde, sempre haver alguém que faz questão de sublinhar que Santiago é a mais africana das ilhas! Então assumamo-la até as últimas consequências!
- Implementar a praça financeira e o hub tecnológico, cumprindo os processos de conclusão ou início de infrastruturas, ao mesmo tempo que se capacita os recursos humanos e se providencia a instalação de instrumentos e equipamentos de ponta necessários. Pelo seu impacto na Praia, exige-se a implementação dessa plataforma (cluster outrora), tratando-se de dois das três plataformas previstas para Santiago (falta a implementação do agronegócio para Santiago Norte) com epicentro na ilha!
- Retomar a centralidade do setor do mar para a Praia / Santiago, implementando as condições infrastruturais (portuárias comerciais e das pescas, aquacultura…), institucionais (autónomas de administração portuária e marítima) e de formação (faculdade do mar no novo campus) para a materialização do desenvolvimento das robustas potencialidades da cidade e da ilha em termos de movimento de cargas portuárias (a maior de Cabo Verde), a dinâmica e incremento das atividades dos agentes e transitários marítimos e de negócios na orla costeira, das operações de pescas e das empresas do shipping. Há que melhorar as condições do porto da Praia em termos de terminal da cabotagem (mais cais e rampas roll-on-roll-off e um terminal da cargas e passageiros), melhoria do piso do porto, equipamentos modernos para carga e descarga de navios e instalar novos portos mistos (pesca e comercial em Santiago Norte), marinas e estaleiros (este no quadro do complexo de pescas de S.Martinho para onde se deve deslocalizar o atual complexo de pescas da Praia). Não se pode inibir o desenvolvimento do setor do mar de nenhuma das ilhas principalmente para o concentrar (cadé os princípios da regionalização/descentralização?) numa ilha só aí ao norte seja porque raio de complexo se tem em relação ás reivindicações dela! Todas as ilhas devem desenvolver todas as atividades económicas em relação aos quias possuam potencialidades por imperativo da própria sobrevivência e de desenvolvimento delas!
- A Praia merece e lhe foi há muito reconhecida a dinâmica do seu comercio, serviços financeiros, negócios e centro de conferencia, feiras expos… É JUSTO LHE CONFERIR A ZONA ECONÓMICA ESPECIAL DE NEGOCIOS E TECNOLOGIA, com suporte em desenvolvimento do mar, da indústria e turismo, que a par dos epicentros das plataforma, restaurará o seu crescimento, e diminuirá o galopante desemprego e a exclusão social!
- Realizar fóruns como já se fez no país ao norte para desencalhar os projetos hoteleiros e turísticos e outros projetos estruturantes aqui para o sul e para Santiago, com o mesmo fervor que se faz para os outros e ter nos setores do mar, turismo, industria, infraestruturas/ordenamento território e no CV Trade Invest, entidades também amigas de Santiago!
- Por fim, desenvolver um programa de qualificação das condições do desporto (i.a, capacitar postos evitando agravos que têm ocorrido nas qualificações das infrastruturas desportivas na capital do país e não só), habitação social, urbanismo, segurança e pacificação da cidade!
Em suma, é urgente que na Praia e Santiago se instale condições que recentra a sua importância de sempre como plataforma de serviços no atlântico e cosmopolitismo que sempre as caraterizou provendo-lhes das infraestruturas e recursos humanos necessários para atrair e servir os negócios, oportunidades e mercados emergentes no atlântico.
Praia, junho 2022
José Jorge Costa Pina
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