Colunista

Aparentemente a senhora ministra fez bem em "aceitar a boleia", mas e como nestas coisas há sempre "um mas", Janine Lélis cometeu ''uma gaffe'' enorme em termos de relacionamento institucional que deve existir entre o Governo e a Presidência da República. provavelmente, com o intuito de desvalorizar o papel do PR de creditar embaixadores.

Não quero acreditar que essa tenha sido a intenção da senhora ministra, quero acreditar, isso sim, que a senhora ministra apenas tenha cumprido a máxima do MpD, e do seu ''patrão'' Ulisses Correia: posso, mando e faço.

Quero também acreditar que a senhora ministra da Defesa Nacional e comitiva aceitaram, ''ingenuamente'', a ''boleia'' no avião militar com a embaixadora indigitada dos EUA para Cabo Verde, esquecendo que ''uma carta credencial (em francês: Lettre de créance) é uma carta diplomática formal que designa um diplomata como embaixador para outro estado soberano. Comumente conhecidas como credenciais diplomáticas, essas cartas são dirigidas de um chefe de estado para outro, pedindo-lhe para dar credibilidade (em francês: créance) a tudo que o embaixador diga em nome de seu país. A carta é apresentada pessoalmente pelo embaixador ao chefe de Estado em uma cerimônia formal, marcando o início do período "embaixatorial" desse diplomata''.

Ok, a senhora ministra teve um pequeno lapso em termos diplomáticos. Nem todos, incluindo os ministros do MdP, somos obrigados a conhecer as regras diplomáticas. Isto não é um escândalo! É, pura e simplesmente ignorância...

É um facto que a embaixadora já tinha apresentado junto do Ministério dos Negócios Estrangeiros cartas figuradas, o que não lhe permite estar em qualquer cerimónia em que esteja o PR, nem assinar nada porque ainda não apresentou as cartas credenciais. Em suma, até apresentar aquelas, deve adotar uma postura muito reservada.

É óbvio que a senhora ministra não é obrigada a saber os ''meandros" diplomáticos. Na minha ótica, o que ela pretendeu foi "agradar aos patrões norte-americanos e marcar "uma nova era, na forte cooperação de defesa entre Cabo Verde e os Estados Unidos".

Mas afinal para que é que serve este memorando que levou a ministra a cometer tamanha "gaffe". Segundo a ministra, o memorando visa o reforço da Esquadrilha Aérea de Cabo Verde tendo em consideração a chegada da aeronave e o início das operações.

Orçado em cerca de 6 milhões de dólares, neste memorando está prevista a formação e a qualificação de pilotos e técnicos de manutenção e, vai permitir o treinamento com realização de missões e exercícios.

Quanto às contrapartidas que terão de ser dadas por Cabo Verde nem uma palavra. Pois, como se sabe, elas passam pela instalação de bases militares em África, nomeadamente em Cabo Verde. Não podemos esquecer que o chefe de estado maior das Forças Armadas de Cabo Verde, participou em Abuja, numa reunião de altas patentes militares, a mando de França, EUA e Reino Unido, para definir estratégia de uma intervenção militar no Níger, na sequência do golpe de estado. E que também participou no Botsuana, num encontro, com os CEMFA dos EUA e militares de outros Países Africanos, nessa zona e alinhados com o Washington, sobre a instalação de bases americanas em África.