Santiago Magazine até poderia deixar a provocação passar ao lado por si só, uma forma modernizada de aplicar o slogan de Benito Mussolini - "me no frego", ou seja, "'não me importo". Só que recusamo-nos a servir de encosto, saco de pancada ou, quiçá, trampolim para levantar o moral (e não a moral, que isto são outros dinheiros!) de repetentes políticos falhos.
Mas antes o porquê: esta sexta-feira, 16, num artigo de opinião publicado no online O País, o sumido ex-vereador da Câmara Municipal da Praia, Alberto Melo (Beta), resolveu reaparecer em público para manifestar o seu apoio ao candidato do MpD, Óscar Santos. Até aqui, tudo bem, ele é livre para escolher quem quiser para ser seu presidente no principal município do país.
O problema é que, tentando desofuscar a sua imagem e enxaguar a do Óscar Santos, acusa o PAICV, que concorre com candidato próprio, e também chama ao barulho este jornal, Santiago Magazine - que não é parte, membro ou ramificação de qualquer força política -, de estarem, com "ódio, ravia e maldade política", a "repetir vezes sem conta uma mentira até que ela se transforme numa verdade".
Bem, o PAICV há-de, se quiser, dizer da sua justiça, mas SM não pode dexar prevalecer esta acusação gratuita, avulsa, desonesta e populista. Porque falsa, feita apenas na tentativa de se criar um bode expiatório para justificar as topadas, trambolhões, cambalachos, corrupções e máfias oficialmente detectadas na Câmara Municipal da Praia durante a gestão de Óscar Santos.
Santiago Magazine está pr'aqui chamada simplesmente porque, enquanto órgão de informação, trouxe ao conhecimento público a parte visível e sabida da enorme montanha de fraude que se acredita existir Paços do Concelho da Praia adentro. Este jornal, está claro, não inventou nada. Quem acusou e acusa a CMP de corrupção e falsificações diversas é o Ministério Público, que, pela primeira vez na história do país, deduziu acusação contra um vereador (Rafael Fernandes, ex-número 2 da autarquia liderada por Óscar Santos) por crimes contra o Estado, envolvendo enormes terrenos privados na cidade da Praia.
Outrossim, não foi Santiago Magazine, nem os seus colaboradores - "escrevedores", no dizer de AM - que prometeram acabar com a criminalidade na Praia e acabar sendo vítima dela. Não foi SM, nem os seus "escrevedores", que prometeram requalificar e melhorar a cidade da Praia para a deixar afogada em água. Igualmente, não foi este jornal a rebentar a credibilidade da maior instituição municipal do país.
De modo que, envolver Santiago Magazine nas questínculas polílitcas (que mais parecem piadas de caserna), não colhe. Porque gratuita, maldosa e desonesta, porquanto Alberto Melo tenta, à força, colar este jornal à candidatura do PAICV e, com isso, ilibar o seu candidato.
Só que, nessa sanha de querer encontrar um bode expiatório e, ao mesmo tempo, agradar ao seu ex-boss, Alberto Melo misturou alicate com abacate e estendeu uma cama com lençol curto: ou cobre a cabeça ou tapa o pé, as duas coisas juntas não dá.
As disputas eleitorais têm dessas, sabemos. E é pena. Em pleno século XXI, era digital, seria de se esperar uma campanha mais pedagógica. Com ideias e projectos partilhados com o eleitorado a invocar cada cabo-verdiano a ter uma participação cívica e consciente sobre o futuro do seu torrão. Estamos todos a falhar neste aspecto, ao permitirmos que a geração que nos vai governar nos anos vindouros seja produto de tão fracos políticos.
Enfim, "o discurso de ódio” alcançou o limite. A matilha de lunáticos radicais prospera. O texto de Alberto Melo, a atacar cegamente este jornal, só pretende esgarçar o tecido social da cidade capital para atingir seu objectivo eleitoral. Custe o que custar.
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