Contra todas as evidências
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Contra todas as evidências

Ulisses e seu Governo enfrentam um problema sério e crescente de perda de credibilidade e confiança que já foi evidenciado nas pesquisas de opinião e refletido nos resultados eleitorais de 2024 e até mesmo indicadores, supostamente, positivos tornam-se insignificantes para o eleitorado!

O Governo de Ulisses Correia e Silva – MpD – nutre uma esperança contrária a todas as evidências teóricas e empíricas de que terá algum sucesso nas próximas eleições Legislativas de 2026.

1.      O sonho de Ulisses e de seus seguidores repousa nos supostos indicadores económicos e sociais alcançados no último ano, nomeadamente, a taxa de crescimento económico e taxa de desemprego;

2.      Teoricamente, para a Ciência Política o que é relevante para o desempenho eleitoral é a avaliação do desempenho do governo, isto é, se o eleitorado avalia positivamente a prestação de um incumbente (quem está no poder) tende a votar nele e o contrário também é verdadeiro, ou seja, se avaliá-lo, negativamente, tende a votar na oposição;

3.      O eleitor leva em conta outras variáveis além das taxas de crescimento económico e de desemprego para determinarem a avaliação que fazem do desempenho do governo;

4.      Empiricamente, a hecatombe eleitoral autárquica de 2024 sofrida pelo MpD substância, claramente, que os ventoinhas vivem no mundo da lua com a recorrente narrativa do crescimento económico e diminuição do desemprego;

5.      Ora, se os eleitores do norte ao sul do arquipélago tivessem avaliado as taxas de crescimento económico e do desemprego como determinantes para um desempenho positivo do Governo de UCS teriam, no mínimo, renovado o mandato da maioria das Câmaras Municipais lideradas pelos rabentolas no ano passado ou até conquistado novas Câmaras Municipais à oposição!

6.      Porém, o que ocorreu foi o contrário, o MpD além de perder a maioria das CMs, perdeu uma hegemonia autárquica que conquistara há 30 anos, não obstante, os supostos bons indicadores de desempenho económico e social, amplamente, propagandeados pelos ventoinhas;

7.      Nas pesquisas de opinião do Afrobarometer de 2022 e 2024 os eleitores já tinham dito que se as eleições legislativas fossem realizadas naquelas datas votariam maioritariamente na oposição – PAICV;

8.      Os resultados das eleições autárquicas de 2024 que ditaram 7 em 22 CMs para o MpD (31,8% das CMs) estão mais coerentes com outras respostas que esses mesmos eleitores já tinham dado, nomeadamente, que a governação de Ulisses seguia no caminho errado para 65% desses eleitores que a confiança no Primeiro-ministro, UCS, tinha despencado para os escassos 31% e que a avaliação do seu governo era negativo para a maioria dos inquiridos do que com a propaganda dos números da taxa de crescimento do PIB e de desemprego!

9.      Os ciclos de mandatos do MpD (década de 1991-2001 e 2016-2025) são acompanhados de aumentos das taxas de desigualdades económicas medidas pelo índice Gini resultando em concentração de riqueza nas mãos de poucas pessoas e aumento do descontentamento de massas populacionais contra essa estratégia de divisão da riqueza;

10.  É possível que haja crescimento do PIB mas essa riqueza não é equitativamente distribuída pelas diferentes classes, camadas e regiões do país, por isso, é que se justifica o desastre eleitoral ocorrido no ano passado nas eleições municipais e a provável repetição no ano que vem nas eleições Legislativas;

11.  Por outro lado, o anúncio da redução da taxa de desemprego pode estar sobrestimada num contexto em que ocorre um aumento simultâneo das taxas de emigração em massa, especialmente, de jovens para a Europa e os EUA criando uma instabilidade e desestruturação familiar e social tal que mesmo aqueles que estejam empregados passam a ser vítimas indiretas das consequências desse êxodo desenfreado da população para o exterior e ficam descontentes com a incapacidade do Governo de criar alternativas a esse fenómeno migratório;

12.  Esses indicadores económicos e sociais (taxa de crescimento do PIB e taxa de desemprego) por si sós são insuficientes para atestarem o desempenho de um Governo se forem apresentados descontextualizadamente como tenta fazer UCS e seus ministros e deputados e os resultados catastróficos das eleições municipais de 01/12/24 evidenciam que tais indicadores são insustentáveis eleitoralmente.

Ulisses e seu Governo enfrentam um problema sério e crescente de perda de credibilidade e confiança que já foi evidenciado nas pesquisas de opinião e refletido nos resultados eleitorais de 2024 e até mesmo indicadores, supostamente, positivos tornam-se insignificantes para o eleitorado!

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