Colapso da hegemonia autárquica do MpD
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Colapso da hegemonia autárquica do MpD

A avaliação objetiva do percurso eleitoral e político do MpD nos últimos oito anos, 2016 a 2024, é que no primeiro mandato os eleitores reprovaram 30% das CMs governadas pelo MpD sem nenhuma cerimónia e em 2024 foi o próprio MpD a reprovar a sua própria má administração excluindo quatro de seus incumbentes barrando-lhes as possibilidade de se re-candidatarem na lista dos rabentolas. Se o próprio MpD já reprovou a governação municipal dos seus próprios autarcas e sabendo-se que a avaliação do povo em relação a essa mesma administração tende a ser ainda mais crítica, quem se arrisca a adivinhar qual será o veredicto popular do dia 01/12/24?

Das oito rodadas eleitorais autárquicas de 1991 a 2020, o MpD venceu todas com exceção do ano 2000 vencido pelo PAICV.

1. A nona jornada eleitoral municipal marcada para o próximo dia 01/12/24 projeta-se a confirmação da tendência declinante eleitoral e política ventoinha nas eleições municipais, iniciada em 2020.

 

2. Com efeito, nas 8ª eleições autárquicas, em 2016, os rabentolas (e seus aliados) ganharam 20 Câmaras municipais, arrasando e empurrando as outras forças políticas, particularmente, o PAICV, para uma posição política residual.

3. Em 2020, o MpD dominando o Parlamento, Governo, Câmaras Municipais e com o Presidente da República apoiado por si no poder, perde seis Câmaras Municipais de uma só assentada para a oposição, PAICV, e vê o seu poder abalado em duas Câmaras Municipais, São Vicente e Santa Catarina de Santiago, onde perde maiorias absolutas no Executivo ou Assembleia Municipal para a oposição.

4. A dimensão da perda das seis CMs para o PAICV foi expressiva tanto quantitativamente, por representar uma diminuição de 30% das Câmaras governadas em 2016, e, qualitativamente, por sofrer uma derrota na Câmara Municipal da Praia, capital do país, com mais de ¼ da população, onde governava há 12 anos e nas CMs de São Domingos, Tarrafal e Ribeira Grande onde dominava em absoluto desde as primeiras eleições, expondo a fragilidade do mito da sua invencibilidade nesses redutos.

5. Essas derrotas municipais foram completadas pela derrota nas eleições presidenciais de 2021 do candidato, Carlos Veiga, apoiado pelo MpD e as projeções eleitorais publicadas pelo afrobarometer, em 2024, indicaram uma derrota ao MpD em favor do PAICV caso as eleições Legislativas fossem realizadas naquela data do levantamento.

6. Em 2024, os rabentolas como foram rejeitados nas urnas em 30% das CMs em que eram governo em 2020, reconhecem que tinham péssimo desempenho em quatro (Ribeira Grande de Santo Antão, Tarrafal de São Nicolau, Santa Catarina e Santa Catarina do Fogo) das 14 CM que comandavam e, como consequência, substituem os respectivos incumbentes na expectativa de verem se conseguem um melhor resultado eleitoral nas próximas eleições.

7. A avaliação objetiva do percurso eleitoral e político do MpD nos últimos oito anos, 2016 a 2024, é que no primeiro mandato os eleitores reprovaram 30% das CMs governadas pelo MpD sem nenhuma cerimónia e em 2024 foi o próprio MpD a reprovar a sua própria má administração excluindo quatro de seus incumbentes barrando-lhes as possibilidade de se re-candidatarem na lista dos rabentolas.

Se o próprio MpD já reprovou a governação municipal dos seus próprios autarcas e sabendo-se que a avaliação do povo em relação a essa mesma administração tende a ser ainda mais crítica, quem se arrisca a adivinhar qual será o veredicto popular do dia 01/12/24?

 

 

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