No estertor do governo de Ulisses Correia e Silva, o negacionismo está à rédea solta e nem tem pejo em se colocar a ridículo. “É infundado, não tem qualquer fundamentação científica e é uma inverdade de todo o tamanho, e, por isso, eu queria aqui também anunciar que não existe nenhuma espécie de tubarão em vias de extinção em Cabo Verde”, disse o ministro do Mar lá do alto da sua competência científica… apontando o dedo a instituições com créditos firmados, a maioria delas académicas e com trabalho científico de reconhecida valia. Não é de admirar esta cruzada do governo e do seu entorno contra a ciência, já antes apontaram o dedo aos professores, aos sindicalistas, aos jornalistas e aos comentadores políticos. Está visto, tudo rapaziada a soldo da oposição e prosélitos do comunismo internacional…
Confrontado com um estudo desenvolvido por investigadores cabo-verdianos e portugueses sobre espécies de tubarão que estariam em risco de extinção nos mares de Cabo Verde, Jorge Santos (o ministro do Mar) rejeita as conclusões do estudo e atira: são “infundadas” e “sem qualquer fundamentação científica”.
Isto é, o ministro do Mar, a quem não se conhece qualquer competência científica na matéria, permite-se contrariar a ciência: porque sim!
O estudo, como se disse, efetuado por investigadores cabo-verdianos e portugueses, é contestado por alguém que não apresenta qualquer argumento científico, apenas porque os resultados não agradam a ele nem ao governo de que faz parte, destapando um pouco o véu dos reiterados acordos de pesca com a União Europeia lesivos do interesse de Cabo Verde e do Ambiente.
Se o ridículo matasse, Jorge Santos estaria já cadáver… o que, aliás, seria uma pena para o País que se tem divertido reiteradas vezes com os despropósitos orais a que o ora governante nos habituou, pelo menos desde os tempos (de triste memória) em que se sentou na cadeira de presidente da Assembleia Nacional.
Projeto integra 15 organizações que desenvolvem estudos na área, o que para Jorge Santos é irrelevante
O estudo em questão desenvolvido no âmbito do projeto NGANDU (tubarão, em crioulo de São Tomé e Príncipe), considera Cabo Verde como o arquipélago da Macaronésia que está mais ameaçado no que respeita à preservação de tubarões e aponta um número preocupante: 66 porcento (%) das espécies correm risco iminente de extinção.
A título de esclarecimento, o projeto NGANDU integra instituições de inegável prestígio e competência, como sejam: Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa), Universidade Técnica do Atlântico (Cabo Verde), Universidade de São Tomé e Príncipe Universidade de Santa Catarina (Brasil), Universidade Nova de Lisboa, Universidade de Exeter (Reino Unido), Associação BIOPOLIS (Portugal), BIOS.CV (Cabo Verde), Inspeção Geral das Pescas (Cabo Verde), Associação para a Investigação do Meio Marinho (Portugal), Direção do Ambiente de São Tomé e Príncipe, Fundação Príncipe (São Tomé e Príncipe), ONG MARAPA - "Mar Ambiente e Pesca Artesanal” (São Tomé e Príncipe) e OIKOS - Cooperação e Desenvolvimento (Portugal).
Um projeto, como se vê, integrando quinze instituições (a maior parte delas académicas) que desenvolvem trabalho de investigação conjunta de especialistas em Ecologia Marinha, Biologia da Conservação, Economia Ambiental e Sustentabilidade Oceânica. Um facto que, para Jorge Santos, é absolutamente irrelevante.
A instituição do negacionismo ao serviço da propaganda
No estertor do governo de Ulisses Correia e Silva, o negacionismo está à rédea solta e nem tem pejo em se colocar a ridículo. “É infundado, não tem qualquer fundamentação científica e é uma inverdade de todo o tamanho, e, por isso, eu queria aqui também anunciar que não existe nenhuma espécie de tubarão em vias de extinção em Cabo Verde”, disse o ministro do Mar lá do alto da sua competência científica… apontando o dedo a instituições com créditos firmados, a maioria delas académicas e com trabalho científico de reconhecida valia.
Não é de admirar esta cruzada do governo e do seu entorno contra a ciência, já antes apontaram o dedo aos professores, aos sindicalistas, aos jornalistas e aos comentadores políticos. Está visto, tudo rapaziada a soldo da oposição e prosélitos do comunismo internacional…
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