A precarização das condições de vida dos cabo-verdianos, impulsionada pelo aumento dos preços, das taxas e das desigualdades sociais, é uma realidade incontestável. A imposição de políticas econômicas regressivas deteriora o poder de compra das famílias, aprofundando a vulnerabilidade social. Como alerta Sen (1999), "desenvolvimento deve ser visto como a expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam, e não como um simples crescimento econômico divorciado da realidade social. Neste cenário, torna-se imperativo um compromisso genuíno com políticas de inclusão efetivas, que não se limitem à manipulação estatística ou a medidas paliativas. O desenvolvimento de Cabo Verde deve passar por um processo de reconstrução social baseado em justiça, equidade e garantia de direitos fundamentais.
A crise social em Cabo Verde manifesta-se de forma alarmante na desestruturação das famílias, na violação de direitos fundamentais e no aumento da violência doméstica, revelando falhas sistêmicas de um Estado que prioriza estatísticas em detrimento da realidade vivida pelos cidadãos. Conforme destaca Castel (1995), "a inclusão social não pode ser reduzida a um dado numérico, mas deve ser percebida como um processo complexo de inserção e pertencimento real dos indivíduos à comunidade".
Violação sexual de menores: A falência do sistema de proteção
A violação sexual de menores atinge níveis inquietantes, com casos frequentemente subnotificados ou desconsiderados pelas autoridades, perpetuando um ciclo de impunidade e sofrimento. Segundo Foucault (1975), "o controle social sobre os corpos e a sexualidade infantil reflete a estrutura disciplinar do Estado e sua falha em proteger os mais vulneráveis". A resposta institucional, porém, limita-se a registros estatísticos e campanhas esporádicas, sem políticas efetivas de proteção.
A marginalização das mulheres chefes de família
A marginalização das mulheres chefes de família é outro sintoma da crise social cabo-verdiana. Observa-se uma retirada progressiva das mulheres dos espaços decisórios no aparelho do Estado e do governo, promovida pela própria estrutura política vigente. Fraser (1997) argumenta que "a injustiça de gênero se mantém não apenas por desigualdade econômica, mas também pela negação sistemática da participação das mulheres nos espaços públicos de poder".
Desaparecimento de pessoas e a inércia institucional
O desaparecimento de pessoas é uma problemática crescente, evidenciando um colapso na segurança pública e na capacidade de resposta das autoridades. Muitas famílias enfrentam o luto indefinido, sem respostas adequadas do sistema judicial. Bauman (2000) descreve essa desumanização social como "a falência do Estado em garantir a segurança e a previsibilidade da vida cotidiana aos seus cidadãos". A morosidade judicial agrava ainda mais a situação, tornando a justiça um privilégio para poucos e um entrave para a maioria.
O crescente aumento da violência doméstica
O aumento da violência doméstica reflete uma deterioração da coesão social e a falha das políticas públicas de proteção. Bourdieu (1998) assinala que "a violência simbólica, institucional e física é sustentada por estruturas de dominação que deslegitimam as vítimas e protegem os agressores". Em Cabo Verde, a ineficiência dos mecanismos de proteção e a ausência de medidas punitivas efetivas fortalecem a continuidade desse ciclo de violência.
O discurso estatístico do governo e a manipulação da realidade
O discurso estatístico do governo, ao insistir na confiabilidade dos seus próprios números e desconsiderar a percepção popular, evidencia a manipulação política da realidade. A criação do Cadastro Social Único, por exemplo, é um instrumento altamente politizado, usado para controlar e condicionar a população em contextos eleitorais. O argumento de que as sondagens são meramente percepções, enquanto apenas os dados governamentais têm validade, demonstra a instrumentalização da informação para fins políticos, desconsiderando a experiência real da população.
O impacto da crise econômica no cotidiano dos cabo-verdianos
A precarização das condições de vida dos cabo-verdianos, impulsionada pelo aumento dos preços, das taxas e das desigualdades sociais, é uma realidade incontestável. A imposição de políticas econômicas regressivas deteriora o poder de compra das famílias, aprofundando a vulnerabilidade social. Como alerta Sen (1999), "desenvolvimento deve ser visto como a expansão das liberdades reais que as pessoas desfrutam, e não como um simples crescimento econômico divorciado da realidade social. Neste cenário, torna-se imperativo um compromisso genuíno com políticas de inclusão efetivas, que não se limitem à manipulação estatística ou a medidas paliativas. O desenvolvimento de Cabo Verde deve passar por um processo de reconstrução social baseado em justiça, equidade e garantia de direitos fundamentais.
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