Perante o silêncio da comunicação social ante a sucessão de escândalos administrativos e políticos parece que houve uma “feudalização” da suposta “democracia” e a transfiguração da legitimidade do poder de origem divina dos senhores feudais em boletins de voto, urnas e “eleições” credenciadoras da perpetuação do poder e sucessões hereditárias!
Os jornais da praça relataram mais um gigantesco escândalo da malversação dos recursos públicos provenientes do Fundo do Turismo: foram milhões de escudos saídos dos cofres públicos mas que na hora da prestação de contas aos senhores inspectores das finanças se observou que tais recursos não tiveram o destino correcto. Meus parabéns aos inspectores pelo brilhante trabalho realizado!
Num país cuja taxa de pobreza incide em mais de 1/3 da sua população que está submetida à penúria do acesso aos bens básicos e à privação da satisfação das necessidades primárias a promoção de desvios de recursos dessa magnitude constitui uma afronta à dignidade humana.
É legítimo perguntar se o resultado desse desfalque aos cofres públicos foi devido à ação ou omissão do PM? Será que quem se beneficiou ou se beneficiará desses desvios é o funcionário menos graduado da Administração? O dinheiro desaparecido não deixou rastos? O duto condutor dessa “dinheirama” desabou no mar ou será possível reconstituir o caminho do dinheiro?
Num caso como este, seria razoável que o PM viesse a público e se submetesse ao escrutínio da imprensa quanto à prestação de contas devidas ao cargo que exerce, considerando que, supostamente, imaginamos estar vivendo num estado democrático de direito.
A administração do Estado nos moldes atuais se enquadra no modelo de administração designada de patrimonialismo que vigorou no sistema do Feudalismo na Idade Média (século V a XV), isto é, adminstrativamente, se regrediu em mais de seis séculos!!!!
A delapidação do património público em benefício de particulares, a colonização do Estado por grupos privados “especiais”, o assalto e divisão dos espólios entre os malfeitores privilegiados constituíam práticas normais na chamada “Idade das Trevas” comandada pelos senhores feudais.
Perante o silêncio da comunicação social ante a sucessão de escândalos administrativos e políticos parece que houve uma “feudalização” da suposta “democracia” e a transfiguração da legitimidade do poder de origem divina dos senhores feudais em boletins de voto, urnas e “eleições” credenciadoras da perpetuação do poder e sucessões hereditárias!
joaostav@hotmail.com
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