Cabo Verde, uma Nação inteligente!
Colunista

Cabo Verde, uma Nação inteligente!

Votos de breve e boas melhoras ao mundo dos humanos, é o melhor que nos cabe desejar ao nosso semelhante, ao chegarmos todos diante da consumação do momento mais temido – UM ATAQUE BIOLÓGICO, afetando letalmente o que mais prezamos: Saúde e Vida.

Aqui a humanidade, de facto, rende-se diante de sua própria acção e colhe o somatório de seus investimentos no lucro. A história mundial mais recente começa a manifestar–se com a revolução industrial no seculo XIX e a grande primeira guerra mundial, o primeiro tiro foi disparado no verão de 1914 e nações levantaram-se umas contra as outras, formando alianças neste evento mundial que durou quatro anos e registou cerca de dez milhões de baixas humanas, tendo como as principais causas, a luta pela conquista do poder sobre territórios, o capital e a riqueza, enquanto premissas fundamentais do capitalismo.

A ressaca destes acontecimentos e suas consequências políticas, administrativas, sociais e económicas, fizeram com que no inverno de 1939, o mundo voltasse a sentir o barulho das armas e a humanidade viesse a registar o desentendimento entre homens, mais sangriento, letal e desumano da história, destacando-se o “holocausto” dirivado do uso de armas nucleares contra populações civís, resultando em mais de setenta milhões de mortes... Assim, o mundo ferido, cansado e de luto, põe fim à guerra em 1945 e funda a Organização das Nações Unidas - ONU, para estimular a cooperação global e evitar futuras guerras...

E nós Cabo Verde? Interessa-nos enquanto parte frágil da humanidade, entender que as consequências das acções egoistas e crueis das potências mundiais, foram sempre pesadas e dolorosas para o nosso povo:

Em 1920, o povo Caboverdiano regista sua primeira grande fome, “coincidente” e sencivelmente, 13 meses após o fim da primeira guerra mundial... e vem a conhecer uma segunda fome em 1947, justamente, 14 meses, também a seguir a uma grande guerra mundial, a segunda!!! Ou seja, a Europa e a América, as principais fontes de fornecimento de bens e alimentos para as ilhas, entram em crise pós guerra e nós, Nação árida, desprovida de qualquer recurso de produção, vemos-nos a morrer à fome, em situação colonial, enquanto a metrópole construía sua républica e lutava sem fôlego contra a poderosa Alemanha para proteger “seus territórios”, particularmente os mais ricos – Angola, Mozambique e Timor, chegando ao ponto de escasear alimentos em Portugal e o poder assumido pela ditadura. Que condições teria a administração colonial para proteger o indigenato, que nem cidadãos éramos, no contexto colonial, tendo o povo a manifestar-se nas principais cidades Portuguêsas?

No entanto, as armas de guerra insistem em disparar, pois parece que de 1914 a 1945, o consumo e o volume de negócio bélico serviu para promover mais uma industria, cuja irracionalidade do capitalismo, recomenda a exploração sem olhar ao derramamento de sangue, à morte de civis frágieis – crianças, idósos, mulheres e homens - desde que o lucro seja satisfatório, o negócio continue a render e o capital a crescer- assim pensa, vive e age o capitalista... E é nesta lógica que entre 1945 e 1991, a humanidade assiste e é violentada com os tristes cenários da “guerra fria”, tendo como partes principais os Estados Unidos da America e a Ex União Soviética. O Aparthaid e os vários movimentos e guerras internas nos países recém libertados da África, foram os que mais sofreram com esta nova estratégia de guerra pela conquista e manutenção do capital, assassinando nossos lideres revolucionários – Cabral, o nosso Amilcar foi uma das vitimas - e corrompendo nossos irmãos traidores do povo.

É Neste periodo que Cabo Verde emerge, enquanto Estado e define-se, inteligente e estratégicamente, como país não alinhado, mantendo uma diplomacia neutra, que lhe permitiu dialogar e estabelecer parcerias com os dois principais blocos – Socialistas e Capitalistas, nos vários dominios, livre de constituir, assim, ameaça aos princípios, ideais e interesses de nenhuma das potências e concumitantemente, mobilizando ajudas para o desenvolvimento, donativos importantes para a saúde, educação, meio ambiente, satisfação da segurança alimentar, investigação, bolsas de estudos para formação e qualificação de quadros no exterior, enfim, estabelece-se na zona “fria” da guerra, gerindo um ambiente de estabilidade diplomático, com sabendo tirar proveito de sua localização geográfica estratégica no atlântico entre a África, a Europa e a América, colocando os interesses de um povo frágil e recem liberto do jugo colonial, acima de tudo. A meta nesta fase seria consolidar a indepêndencia, vencer a miséria, estabelizar a economia e preparar o salto necessário para acompanhar os desafios da politica mundial com alguns impérios e murros a desmoronarem, cujos avanços no processo da democratização do país se mostravam confiáveis e irreversíveis - Cabo Verde, uma nação inteligente!

As novas Tecnologias de Informação e Comunicação, tornaram possivel à humanidade vencer fronteiras e partilhar informações a velocidades nunca antes verificadas e assim, chega-nos o advento da GLOBALIZAÇÃO – acabaram as fronteiras da informação, deixaram de existir nações pequenas, os direitos foram todos divulgados, a democracia uma palavra mais conhecida e a subjectiva paz global, continua sendo uma miragem e um objectivo sempre por alcançar...

Como não há duas sem três, Cabo Verde, que já viveu duas grandes e profundas fomes e depende do exterior em cerca de 80% de tudo o que consome e perante a presente guerra mundial, tendo como arma de ataque o CORONA VIRUS – COVID-19, o nosso país terá como desafio nos próximos anos, estabelecer “planos de governação SAGRADOS” de longo prazo, cujas metas estipularão a massificação de centrais de desanilização com recurso a energias renováveis –sol e vento- para a conversão de pelo menos 10% das terras consideradas aráveis do território nacional passem a ser irrigáveis e o país passe a ser autosuficiente em matéria de produção alimentar.

A produção agrícola massificada, encadeia a produção pecuária e consequentemente, a carne, o leite e seus derivados... promove a aquacultura, reduz a pressão sobre os recursos marinhos costeiros, reforça o sistema imonológico da população, através de um sistema alimentar de qualidade e fiável em pasto, frutas tropicais, legumes, tubérculos, cereais, peixes, carnes, leite, ovos, enfim, o pais precisa fazer a REFORMA AGRARIA E REVOLUCIONAR O SISTEMA DE PRODUÇÃO, garantindo a sustentabilidade alimentar das ilhas. Se esta reforma não acontecer nos próximos dez anos, com o processo a arrancar AGORA, com o capitalismo a não sossegar em alcançar seus objectivos loucos, estaremos condenados a reviver 1920 e 1947.

O Estado Cabo verdiano produz ÁGUA desalinizada para o consumo humano e faz agricultura com água doce dos aquiferos subterrâneos. Quando é preciso conservar as águas subterrâneas para tempos difíceis e desalinizar para beber e regar. Basta olhar o que os EUA fazem com suas reservas no Alasca.

O mundo não irá parar de brigar, pois, o homem já provou ser insaciável, por isso, o nosso Estado, através de seus Dirigentes deve pôr de lado o luxo, toda atitudes esbanjadora, os comportamentos importados, as môrdomias e toda espécie de influência e tentações da escravatura contemporânea, revestir-se de humildade e patriotismo, ser o exemplo da contenção e investir sustentavelmente na nossa capacidade de produzir, convertendo os potênciais em recurso disponível a ser utilizado, não necessáriamente para competir, mas, obrigatóriamente para satisfazer as necessidades e estar preparado para tempos dolorosos. O mundo tem dois exemplos a seguir nesta matéria: Cuba, Israel e o Egípto.

Mais do que uma necessidade, é um imperativo, se compreendermos que o mundo está em recessão económica, o processo de recuperação, pode ser penoso, com reflexos na retoma do crescimento das economias emergentes, como é o nosso caso.

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