CABO VERDE, LEVANTA-TE
Colunista

CABO VERDE, LEVANTA-TE

A nossa independência não foi um ponto final. Foi o início de uma responsabilidade imensa.
Cinquenta anos depois, temos o dever de olhar em frente com a mesma fé que nos trouxe até aqui. Ergamos a cabeça!
Abramos os olhos!
Fechemos os punhos! Porque Cabo Verde não é uma marca turística.
É um povo vivo, que pensa, que sente, que luta e que ama. E enquanto houver um só cabo-verdiano com fome,
enquanto houver uma só criança sem escola,
uma só mulher silenciada,
um só jovem a querer partir por desespero…
então, a luta continua.

Hoje, não vos escrevo como cronista.
Escrevo-vos como filha do mesmo chão, como sangue da mesma pátria.
Falo-vos com a alma despida e o coração em chamas.
Porque esta terra,  NÔS TERRA, precisa que cada um de nós se levante e se faça ouvir.

Fomos ensinados a resistir desde o berço.
Quando o chão era seco, semearam-nos esperança. Quando a fome nos apertava o estômago, alimentámo-nos de dignidade.
E quando o mundo nos quis esquecer, respondemos com a morna na voz,
com o batuque no pulsar do peito,
com a palavra erudita e com suor sofrido.

Somos muitos espalhados pelo mundo.
Somos a diáspora que manda remessas e saudades,
e a ilha que canta mesmo quando chora.
Somos cabo-verdianos, ondi ki nu anda.

Hoje, mais do que nunca, é tempo de união.
Não nos iludamos, o país não se constrói com bandeiras partidárias, mas com mãos dadas.

Não se governa com slogans. Governa-se com verdade.
Não se salva um povo com promessas, mas com justiça e coragem.

Aos jovens digo: não sois o futuro. Sois o presente!
Às mulheres: não há Nação sem a vossa força e resiliência.
Aos que vivem na terra longe: esta pátria também é vossa, e el mestê de bsot.
Aos que já perderam a esperança: empresto-vos a minha, inteira…até voltarem a acreditar.

Esta terra não pode continuar condenada à miséria nem ao abandono.
Não nascemos para ser pedintes do mundo, nem para agradecer esmolas de cabeça baixa.
Temos recursos, temos talento, temos história; temos um Povo com garra.

Temos tudo para sermos grandes.
Mas falta-nos uma coisa: acreditar DJUNT.

Por isso hoje, aqui, lanço um apelo: CABO VERDE, LEVANTA-TE!

LEVANTA-TE! Pela tua língua, a tua cultura, os teus poetas, a tua história e a tua gente.

LEVANTA-TE! Pelos teus pescadores, os estudantes, os músicos, os operários, os professores.

LEVANTA-TE! com a força das tuas ilhas, com a memória dos teus mártires, com o sonho dos que ainda acreditam.

Não somos menos…
Não aceitemos ser tratados como menos.
Não nos resignemos à corrupção, ao favoritismo, e ao abandono.

Este país é nosso! E está na hora de o recuperar com dignidade.

A nossa independência não foi um ponto final. Foi o início de uma responsabilidade imensa.
Cinquenta anos depois, temos o dever de olhar em frente com a mesma fé que nos trouxe até aqui.

Ergamos a cabeça!
Abramos os olhos!
Fechemos os punhos!

Porque Cabo Verde não é uma marca turística.
É um povo vivo, que pensa, que sente, que luta e que ama.

E enquanto houver um só cabo-verdiano com fome,
enquanto houver uma só criança sem escola,
uma só mulher silenciada,
um só jovem a querer partir por desespero…
então, a luta continua.

Mas juntos, SIM DJUNT, podemos.
Juntos, havemos de escrever a página mais bonita da nossa história.

CABO VERDE, LEVANTA-TE! Porque o teu tempo é agora.
Porque o teu povo está pronto.
E porque nós, teus filhos, JAMAIS te abandonaremos.

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Comentários

  • Jorge Lopes, 25 de Jun de 2025

    “Cabo Verde, levanta-te!” — até parece milagre bíblico, tipo Jesus a dizer ao aleijado pra andar. Mas o Estado continua estendido na marquesa, com soro da dívida externa, enquanto o povo levanta só pra ir pagar conta. É bonito gritar ‘djunt’ com o punho no ar, mas levantar um país não se faz com crónicas de alma em chamas, faz-se com governação decente. Se for pra levantar, que seja com dignidade e recibo na mão.

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