Colunista

O (des)Governo de Ulisses Correia e Silva começou a experimentar uma série de derrotas que culminarão com a sua queda até ao final da presente Legislatura:

1. O tribunal ordenou a penhora de vários veículos da Câmara Municipal de Santa Catarina, liderado pelo MpD, talvez, por excesso de dinheiro que nunca mais acaba, segundo profetizou o génio senhor Vice-Primeiro Ministro;

2. Há mais de três meses, tribunais da Praia e de São Vicente mandaram penhorar contas bancárias da Uni-CV e ainda continuam penhoradas, quem sabe, também por excesso de dinheiro que nunca mais acaba, lembrando o senhor VPM;

3. Centenas de professores saíram às ruas vestidos de luto em manifestação de protesto contra o Ministério da Educação, talvez, por excesso de zelo e de cumprimento de suas reivindicações sindicais por parte do ME;

4. De tão satisfeitos com o Ministério da Educação que os professores estão, já agendaram novos protestos, nomeadamente, greves ou paralisações para o próximo dia 04 de Novembro para agradecerem pelo distinto tratamento que tem estado a receber por parte deste Ministério;

5. A Administração Pública está tão bem administrada que o Estado está sendo condenado dia sim, dia não pelos tribunais, tem ordens de penhoras de contas bancárias e de veículos do Estado ou da Administração indireta e autárquica, talvez por que o Estado tem tanto dinheiro que não acaba mais que os tribunais estão tentando ajudá-lo a apaziguar esse excesso de liquidez com sucessivas penhoras;

6. A segurança pública está indo tão bem que o número de assassinatos e de crimes contra o património, assaltos, furtos, roubos e crimes sexuais são quase inexistentes que nem dá para entender a necessidade que o senhor Ministro da Administração Interna tem de anunciar a contratação de mais quase 200 policias se a segurança está tão boa?!

7. A Justiça está indo tão bem que cada dia que passa aumenta mais o número de processos entrados nos tribunais, de um lado, e, de outro lado, se tem menos magistrados e oficiais de diligências para cuidar desses mesmos processos e as pendências e a morosidade judicial são meras narrativas da oposição e daqueles que gostam de falar mal da justiça. O aumento do nível de descontentamento com a justiça expresso pelos estudos de opinião reflete o excesso de liberdade de expressão assegurada pelo Governo do Sr. UCS!

8. A pobreza e as desigualdades económicas e sociais são marcas tão boas para o Governo de Ulisses Correia e Silva que durante seus dois mandatos aumentou o número de pobres e de beneficiários e de dependentes de pensões e benefícios sociais e os indicadores de desigualdades aumentaram ao ponto de haver cada vez maior o fosso entre os poucos muito ricos e a grande massa de muito pobres!

9. O ensino superior está indo tão bem que a Uni-CV, símbolo de excelência dessa governação, é condenada pelo tribunal para pagar uma indemnização por um ato ilícito cometido contra uma pessoa numa data determinada, ela tem a ousadia e a sapiência de afirmar que cumpriu essa obrigação, inclusive, com o integral pagamento antes da ocorrência do mesmo ato ilícito que viria a dar origem ao processo e à respectiva condenação!!!

10. O Governo de Ulisses Correia e Silva é tão justo e transparente que dá aumentos salariais só para aqueles funcionários que desejam ajudá-lo a gastar o excesso de dinheiro que nunca mais acaba, segundo leccionou o seu VPM mas poupa desse encargo de aumento salarial nas contas dos demais funcionários para evitar que paguem mais impostos e contribuições sociais!

Assim com nos finais dos anos 1990, que o MpD entrou em stress e começou a atrasar pagamentos de bolsas de estudos aos estudantes e aos funcionários públicos acabando por terminar com a derrota eleitoral nas legislativas de 2001, assim me parece que esses sucessivos atropelos e, curiosamente, protagonizados com os mesmos personagens, culminarão com o fim do ciclo “ventoinha” nas eleições de 2024!

O velho Karl Marx deixou registado no seu livro “18 de Brumário”, de 1852, que a história só se repetia como tragédia ou como farsa. Dizia ele que “Os fatos e personagens da história mundial que ocorrem, por assim dizer, duas vezes, na segunda não ocorrem mais como farsa. Ou melhor: a farsa é mais terrível do que a tragédia à qual ela segue”.