A batalha eleitoral da Praia: uma análise da mãe de todas as batalhas autárquicas de 1 de dezembro de 2024
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A batalha eleitoral da Praia: uma análise da mãe de todas as batalhas autárquicas de 1 de dezembro de 2024

...é necessário que cada cidadão se torne um defensor comprometido da mudança social, empenhado em contribuir para a construção de um Cabo Verde melhor, acreditando que cada um de nós tem um papel a desempenhar na edificação de uma sociedade mais justa, onde a dignidade e os direitos de cada cidadão sejam respeitados e promovidos. A partir de agora, não vale a pena se pronunciar mais sobre o derrotado Korpo Rixu, a não ser que ele retorne com suas gaiatices para as legislativas de 2026. Toda atenção e escrita devem se direcionar, doravante, aos falhanços do governo de UCS, que não pode continuar a ignorar as necessidades do povo. É hora de avançar, de construir um futuro onde a voz do povo seja ouvida e respeitada, e onde a democracia floresça em toda a sua plenitude. Nesta luta, a Praia já não é apenas um símbolo de resistência; é um farol de esperança para todos os que acreditam em um Cabo Verde melhor para todos.

Durante uma breve estadia na Praia, nos dias que se seguiram às eleições autárquicas de 1 de dezembro de 2024, tive a oportunidade de observar a intensidade e a importância deste evento político. Não se tratou apenas de uma eleição; foi um clamor por mudança, um grito de revolta contra um governo que, sob a liderança de Ulisses Correia e Silva, se tornou sinônimo de autoritarismo e ineficácia. A vitória histórica do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV), liderado por Rui Semedo, que conquistou 15 câmaras municipais e 14 assembleias municipais, reflete o descontentamento generalizado que permeia a sociedade cabo-verdiana.

Essa vitória não foi um acaso; é o resultado de um processo cuidadoso e contínuo de trabalho e dedicação, iniciado por Janira Hopffer Almada, cuja liderança visionária foi fundamental na revitalização do PAICV e na mobilização das bases. A capacidade de unir diferentes vozes dentro do partido criou as condições necessárias para que Rui Semedo pudesse dar continuidade a esse legado e liderar uma campanha vitoriosa. O trabalho em equipa e a determinação de todos os membros do PAICV foram cruciais para transformar a insatisfação popular em uma força política capaz de desafiar o status quo.

Nos últimos oito anos sob a liderança de Ulisses Correia e Silva, os cabo-verdianos assistiram à diminuição de seu poder de compra, sem qualquer melhoria significativa na qualidade de vida. A repressão do governo a qualquer forma de contestação tornou-se evidente quando, de maneira kafkiana, optou por processar disciplinarmente agentes policiais que lideraram reivindicações laborais legítimas. Essa atitude não apenas evidenciou a fragilidade do governo, mas também expôs sua incapacidade de dialogar com as classes que sustentam o funcionamento do Estado, como professores, profissionais de saúde e da justiça, cujas reivindicações foram sistematicamente ignoradas. O desemprego, que afeta especialmente os jovens, é mais uma evidência de um governo em queda livre, que há oito anos tem oferecido promessas que nunca cumpre.

Não é novidade que este governo falhou em diversas áreas. Desde a segurança interna, onde a criminalidade disparou, até os transportes aéreos e marítimos, que se tornaram caóticos e ineficientes. A saúde e a educação, pilares fundamentais para o desenvolvimento, foram negligenciadas, resultando em serviços precários que deixaram a população à mercê de um sistema falido. A justiça, que deveria ser um bastião de equidade, tornou-se um reflexo da corrupção e da impunidade, alimentando ainda mais o descontentamento popular.

Nos últimos dias, muitos têm questionado a liderança de Ulisses Correia e Silva. Críticos apontam que ele parece ter a cabeça enterrada na areia, ignorando a realidade e não reconhecendo sua derrota nas eleições autárquicas. Essa negação é preocupante, pois ele sabe que as eleições não se ganham apenas com militantes e simpatizantes, mas com a participação ativa de cidadãos de todos os quadrantes sociais. A desconexão entre o governo e a população é evidente, e essa falta de sensibilidade às necessidades do povo contribuiu para sua derrota.

É importante destacar que Francisco Carvalho, ao longo de sua trajetória, tornou-se um símbolo de resistência e esperança. Sua capacidade de enfrentar as dificuldades impostas pelo governo de UCS, que não hesitou em utilizar táticas de deslegitimação e perseguição, fez dele uma ameaça real ao status quo. Há quase dois anos, já havia alertado que Francisco Carvalho constituía uma grande ameaça a Ulisses Correia e Silva, e os resultados das recentes eleições confirmam essa previsão. A vitória do PAICV não é apenas uma derrota eleitoral; é um aviso claro à gestão de um governo que se afastou das necessidades do seu povo.

A humilhante derrota do MpD, que se viu reduzido a apenas sete câmaras municipais, é um sinal inequívoco de que a população está cansada de promessas vazias e de uma gestão que não atende às suas necessidades. O resultado das eleições não é apenas um número; é um grito de revolta que ecoa de Santo Antão à Brava, um apelo à mudança que não pode ser ignorado.

Os sinais evidenciados nestas autárquicas são claros para uma eventual mudança de governo nas legislativas de 2026. No entanto, essa mudança dependerá da união interna no seio do PAICV, que deve se fortalecer e se consolidar para enfrentar as fraquezas do MpD liderado por UCS. A coesão e a determinação do PAICV serão cruciais para transformar o descontentamento popular em uma alternativa viável e convincente para o futuro de Cabo Verde.

De tudo que se ouve, é recomendável que dentro de quatro a seis meses, é crucial que a liderança da oposição se torne clara e inspiradora, a fim de evitar ruídos desnecessários e consolidar uma ampla união em torno da sociedade que anseia pela mudança. A coesão e a clareza na liderança são essenciais para que a mensagem de transformação chegue a todos os cidadãos, reforçando a ideia de que a mudança é não apenas desejável, mas possível.

É digno de nota que Rui Semedo, ao assumir a liderança do PAICV, trouxe consigo uma visão clara e inclusiva, capaz de unir as diversas vozes da sociedade cabo-verdiana. Sua abordagem estratégica e habilidade em dialogar com diferentes segmentos da população foram fundamentais para galvanizar o apoio necessário e construir uma plataforma política que ressoasse com as aspirações do povo. A sua vitória representa não apenas a superação de um adversário político, mas a construção de um novo paradigma de governança, onde a transparência, a participação e a justiça social são prioridades.

Com Francisco Carvalho na liderança da Câmara Municipal e Clara Marques Rodrigues na Assembleia Municipal, a Praia não é apenas um símbolo de resistência; é um farol de esperança e inovação, iluminando o caminho para um futuro mais inclusivo e participativo. Juntos, eles representam uma nova era de liderança, comprometida em atender às necessidades da população e promover um desenvolvimento sustentável. Assim, à medida que se celebra esta vitória histórica, é fundamental que todos os cidadãos reflitam sobre o que está em jogo. A luta pela democracia, liberdade e justiça social não termina nas urnas; ela continua nas ações diárias de cada um de nós. A vitória do PAICV sob a liderança de Rui Semedo representa um apelo à mobilização, instando todos a se unirem em torno de ideais de progresso e inclusão.

Neste momento, é necessário que cada cidadão se torne um defensor comprometido da mudança social, empenhado em contribuir para a construção de um Cabo Verde melhor, acreditando que cada um de nós tem um papel a desempenhar na edificação de uma sociedade mais justa, onde a dignidade e os direitos de cada cidadão sejam respeitados e promovidos. A partir de agora, não vale a pena se pronunciar mais sobre o derrotado Korpo Rixu, a não ser que ele retorne com suas gaiatices para as legislativas de 2026. Toda atenção e escrita devem se direcionar, doravante, aos falhanços do governo de UCS, que não pode continuar a ignorar as necessidades do povo. É hora de avançar, de construir um futuro onde a voz do povo seja ouvida e respeitada, e onde a democracia floresça em toda a sua plenitude. Nesta luta, a Praia já não é apenas um símbolo de resistência; é um farol de esperança para todos os que acreditam em um Cabo Verde melhor para todos.

Praia, 10 de dezembro de 2024.

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