O tribunal da Praia decretou prisão preventiva para os sete indivíduos estrangeiros detidos na operação em que foram apreendidas mais de 5,6 toneladas de cocaína, em alto mar, a 01 de Abril, disse uma fonte judicial.
Os mesmos, que tinham sido libertados na quinta-feira, a mando do Ministério Público, com a justificação de que a detenção “se mantém fora dos prazos constitucionais e legais em que era admissível”, passaram a noite na sede da Polícia Judiciária e foram hoje ouvidos no tribunal, depois de serem novamente detidos.
A defesa, composta pelos advogados Diamantino Martins, Félix Cardoso e Nelson Furtado, já fez saber que não concorda com o despacho do segundo juízo crime do Tribunal da Comarca da Praia, pelo que irá recorrer junto do Tribunal de Relação de Sotavento.
A detenção destes sete indivíduos foi avançada na quarta-feira, 06, à imprensa pelo director da Polícia Judiciária, completando ainda que a operação contou com a “relevante colaboração” da Polícia Federal do Brasil, da Drug Enforcement Administration, da Marinha dos EUA e da National Crime Agency, do Reino Unido.
A detenção e apreensão da embarcação de pesca oriunda do Brasil, segundo afirmou Ricardo Gonçalves, aconteceu na sexta-feira, 01 de Abril, após uma abordagem em alto mar por suspeita de tráfico internacional de estupefacientes.
“Sob a jurisdição de Cabo Verde, as autoridades policiais dos EUA e de Cabo Verde embarcaram e inspeccionaram a embarcação, tendo apreendido 5.668 kg de cocaína”, disse.
Segundo este responsável, dos sete indivíduos detidos, cinco são de nacionalidade brasileira e dois de nacionalidade montenegrina.
“É sabido que a descontinuidade territorial do arquipélago, a nossa vasta zona económica exclusiva e os escassos meios materiais e humanos existentes para uma fiscalização activa, favorecem a utilização do arquipélago de Cabo Verde como país de trânsito do narcotráfico internacional”, acrescentou.
Consciente desse facto, reforçou, a Marinha e a Guarda Costeira dos EUA têm tido “uma excelente relação” com Cabo Verde, com acordos bilaterais de aplicação da lei, permitindo o apoio ao combate à actividade marítima ilícita nas águas circundantes do arquipélago.
“Ciente da importância dessa cooperação, esta operação insere-se no âmbito do esforço que as autoridades de Cabo Verde têm vindo a desenvolver de forma consistente ao longo dos últimos anos, no sentido de reforçar o combate ao tráfico de droga, particularmente no quadro mais amplo da cooperação internacional”, finalizou.
Esta é a segunda maior apreensão de droga feita em Cabo Verde, a maior aconteceu em Janeiro de 2019, quando 12 cidadãos de nacionalidade russa foram detidos a bordo de um navio no Porto da Praia, com 9.570 quilogramas de cocaína em “elevado grau de pureza”, incineradas pelas autoridades dias depois.
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