
Professores cabo-verdianos retiveram notas do segundo período em 40 escolas, no contexto dos protestos que duram há vários meses contra o Governo, queixando-se de ameaças que ponderam levar a tribunal, anunciou hoje uma representante dos docentes.
"Os diretores das escolas têm feito ameaças. Estão a chamar professores às salas, ameaçando com processos disciplinares", disse à Lusa Aleida Semedo, uma representante dos professores em protesto.
Aleida Semedo referiu que se o Ministério da Educação avançar com processos disciplinares, os professores vão responder com processos judiciais contra a tutela por "violação" dos seus direitos.
"Existe lei nesse país, claro que temos que defender os nossos direitos. Se avançarem com processos disciplinares, têm de explicar os motivos e apresentar as leis" que obrigam à colocação das notas no sistema, sustentou, lamentando que a classe docente "continue sem ser ouvida" nas suas reivindicações.
Aleida Semedo referiu que, de acordo com a última atualização, pelo menos 40 escolas do básico ao secundário já congelaram notas.
O diretor nacional da Educação, Adriano Moreno, citado hoje pela Rádio de Cabo Verde (RCV), declarou que o Ministério da Educação "não participa, não alimenta extremismos e radicalismos", que a "avaliação da aprendizagem é um direito do aluno e o congelamento de notas não tem nenhum respaldo ético e legal".
O responsável referiu que o "Ministério da Educação vai proteger e defender os direitos dos alunos".
Adriano Moreno referiu que as respostas às reivindicações dos docentes estão em processo, algumas em vias de publicação em Boletim Oficial.
"O que está pendente é a questão salarial e a promoção que, tal como foi sempre assumido pelo Ministério da Educação, estão em processo de resolução no âmbito da revisão do estatuto da carreira docente e da consequente atualização da tabela remuneratória", apontou.
Um grupo de professores anunciou, há uma semana, o congelamento de notas deste trimestre até que o Ministério da Educação aceite debater as reivindicações que têm sido feitas desde outubro de 2023.
Apesar das negociações dos sindicatos com o Ministério da Educação, só “uma minoria” tem sido contemplada com benefícios, dizem.
A generalidade da classe continua sem resposta para reivindicações relativas a aumentos salariais, promoções e subsídios.
O congelamento das notas já havia sido admitido durante uma manifestação de professores, na cidade da Praia, em fevereiro.
Os comentários publicados são da inteira responsabilidade do utilizador que os escreve. Para garantir um espaço saudável e transparente, é necessário estar identificado.
O Santiago Magazine é de todos, mas cada um deve assumir a responsabilidade pelo que partilha. Dê a sua opinião, mas dê também a cara.
Inicie sessão ou registe-se para comentar.
Comentários