Dois irmãos, ambos residentes na Praia, estão acusados de dezenas crimes sexuais, coacção e chantagem através da rede social facebook – foram 13 vítimas. Estiveram detidos, foram libertados e esta terça-feira, 5, vão enfrentar novamente o juiz em Audiência Contraditória Preliminar (ACP).
Rui Alves e Flávio Alves, irmãos que respondem desde Março deste ano por acusação de vários crimes de ameaça de morte, coacção e agressão sexual, vão responder esta terça-feira no tribunal da Comarca da Praia numa Audiência Contraditória Preliminar, expediente que pode tanto manter a acusação contra os arguidos - e até acrescentar mais pessoas ao processo –, quanto dar por encerrada a investigação.
Os indivíduos, ao que consta funcionários da TACV na secção de bagagens, aliciavam e atraíam as suas vítimas através de perfis falsos que criaram no “Facebook”. Flávio Alves, de 27 anos, tem às costas 34 acusações que, sendo sete de ameaça de morte, sete de coacção, sete de chantagem, sete de gravações, fotografias e filmes ilícitos e mais seis crimes de agressão sexual com penetração.
Rui Alves, o mais novo, de 24 anos, é suspeito de 71 crimes, dos quais 12 por ameaças de morte, 12 por coacção, 12 de chantagem, sete de gravações, fotografias e filmes ilícitos, um de abuso sexual agravado, 17 de abuso sexual com penetração, oito de agressão sexual e dois crimes de abuso sexual de menores na forma tentada.
Os dois chegaram a inventar, nos seus falsos perfis, que eram árabes ou portugueses residentes em Inglaterra, mas com negócios em Cabo Verde. Aliciavam as jovens com dinheiro e trabalho, a troco de sexo. Só que, quando frustrada a tentativa, acredita-se que ameaçavam as vitimas de morte. As que “caíam” na sua rede eram obrigadas a filmar e fotografar o acto. Há situações inda em que faziam chantagem de as imagens iriam ser publicadas na internet.
Durante a investigação, foram realizadas buscas às casas dos irmãos Alves, tendo sido apreendidos telemóveis, computadores e vários dispositivos de armazenamento, contendo imagens das vítimas sem roupa e em pleno acto sexual com os arguidos.
Os irmãos não estariam a actuar sozinhos neste esquema. Mais duas meninas, Miqueia Silva e Emeleina Silva, também da Praia, terão participado nas operações – alguns actos sexuais terão ocorrido na casa destas. As das mulheres estão acusadas de co-autoria dos crimes e aguardam julgamento em liberdade.
Este caso, na verdade, foi descoberto desde Março deste ano, tendo o tribunal da Praia decretado a prisão preventiva de Rui e Flávio Alves. Acontece que, passados oito meses sem julgamento, expirou o prazo da prisão preventiva, pelo que os arguidos tiveram que ser libertados. Mas amanhã, 5, vão ser de novo ouvidos pelo juiz, agora em ACP, que pode determinar o fim das investigações ou a sua continuidade. Até porque, a defesa garante que não existem provas concretas para acusar Flávio e Rui Alves.
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