África regista anualmente perto de cem eventos graves de saúde pública, como o Ébola na República Democrática do Congo ou as consequências do ciclone Idai, cujas vítimas foram hoje recordadas no fórum da Organização Mundial de Saúde, em Cabo Verde.
No seu discurso de abertura do II Fórum da OMS para a Saúde em África, a diretora regional da organização das Nações Unidas para África, Matshidiso Moeti, apontou os efeitos do ciclone Idai, e “o segundo maior surto do vírus do Ébola”, que afeta a República Democrática do Congo, como exemplos de eventos que fustigam o continente africano.
A epidemia de febre hemorrágica Ébola ultrapassou os mil casos e causou 629 óbitos, desde agosto de 2018, enquanto a passagem do ciclone Idai, há cerca de 10 dias, em Moçambique, no Zimbabué e no Maláui fez pelo menos 761 mortos.
Por proposta de Matshidiso Moeti, as centenas de participantes do fórum cumpriram um minuto de silêncio em memória das vítimas destes dois eventos.
Em relação ao surto do vírus do Ébola, a diretora regional da OMS para África congratulou-se com o facto de existirem hoje “novos instrumentos”, como a vacina e terapias experimentais.
A cobertura universal da saúde, tema deste encontro internacional, é, para Matshidiso Moeti, um desafio que não deve ser abandonado e uma matéria em que “há ainda muito a fazer”.
A responsável enalteceu os avanços alcançados por Cabo Verde em matéria de saúde, afirmando que os mesmos são “uma inspiração” e devem ser “um exemplo”.
“Queremos aprender e retirar ensinamentos para melhorar a saúde dos cidadãos”, disse.
Sobre estes indicadores de Cabo Verde, o ministro da Saúde e da Segurança Social do país anfitrião, Arlindo do Rosário, disse que o arquipélago pode fazer mais e melhor.
Nesse sentido, anunciou a intenção de reduzir a taxa de mortalidade infantil, que atualmente se situa nos 15,8 por mil nados vivos, para os 13 por mil nados vivos.
O Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, que também começou a sua intervenção manifestando o seu pesar “pelas vítimas do desastre natural que tem assolado Moçambique, Zimbabué e Maláui”, enalteceu os avanços registados no país, classificando este percurso como “muito positivo”.
Contudo, ressalvou: “Temos consciência de que uma parcela importante de cabo-verdianos ainda não beneficia de todos os cuidados de saúde de que necessita”.
“Acreditamos que persistindo na perspetiva de uma estreita articulação das políticas de saúde com a dinâmica dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável [Agenda 2030 das Nações Unidas], o desafio de combate às desigualdades ganhará um impulso decisivo”, acrescentou.
Para Jorge Carlos Fonseca, não obstante os grandes avanços verificados no setor da saúde, a nível global, “persistem importantes ameaças à saúde e ao bem-estar de muitos milhões de pessoas, nomeadamente em África”.
“Os conflitos, a pobreza, as desigualdades sociais, as alterações climáticas, os desastres naturais condicionam de forma poderosa o perfil epidemiológico e o acesso das pessoas aos cuidados de saúde nas diferentes fases das suas vidas e a ficarem muito pouco protegidas perante as emergências sanitárias”, disse.
E acrescentou: “As dificuldades são muitíssimo maiores para populações vulneráveis, particularmente as que tiveram de abandonar os seus lares e que ascendem a mais de 240 milhões em todo o mundo”.
O II Fórum de Saúde em África decorre até quinta-feira na cidade da Praia e conta com 600 participantes de vários países, nomeadamente do continente africano.
Com Lusa
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