O tio de um homem de 25 anos que faleceu na noite desta terça-feira com covid-19 acusou hoje o Hospital Baptista de Sousa de negligência, mas o director clínico do hospital garantiu estarem em curso averiguações.
Arlindo Fonseca contou à Inforpress que o sobrinho, que era praticamente um filho já que o criou desde bebé e inclusive este o chamava de pai, começou a sentir “alguma tosse” no último sábado, 24, que persistia, e que o levou a procurar os serviços de urgência na segunda-feira, 26.
Mas, segundo a mesma fonte, o jovem saiu dali somente com uma receita e recomendação que se os sintomas persistissem, que procurasse o Centro de Estágio do Mindelo, onde são feitos os testes da covid-19.
Entretanto, na noite desta terça-feira, 27, di-lo Arlindo Fonseca, o sobrinho começou a queixar-se de falta de ar e o acompanhou de novo ao Hospital Baptista de Sousa (HBS).
“Fomos por volta das onze e meia e estive com ele até às duas horas da madrugada, quando o médico disse que teria de ficar em observação, ele ainda falou comigo e disse para o ir ver hoje de manhã, mas pouco tempo depois me telefonaram a dizer que ele tinha falecido”, explicou, adiantando ser “ uma dor muito forte” perder um filho, que era um “jovem saudável”.
Entretanto, ajuntou, a sua “indignação” é maior por achar que houve “alguma negligência” na primeira vez que o sobrinho procurou os serviços do HBS.
“Porquê é que não lhe fizeram um teste logo na segunda-feira, ele até poderia ter morrido, mas não assim”, considerou o tio, adiantando que foi informado pelo hospital, que depois, quando o jovem já estava internado, fizeram um teste rápido que deu negativo e resolveram fazer um PCR que acusou positivo e ainda que ele estava com problemas no rim.
“Se o teste rápido não deu em nada, para quê estar a fazer testes rápidos, só para tirar dinheiro às pessoas”, questionou Arlindo Fonseca, indignado.
Entretanto, o director clínico do Hospital Baptista de Sousa, Paulo Almeida, contactado pela Inforpress, assegurou que ainda estão a decorrer as averiguações para se saber a causa da morte, mas, adiantou, “não foi de covid-19”.
“A covid-19 foi só um achado, mas acreditamos que o jovem morreu de uma outra patologia, de insuficiência renal”, sublinhou Paulo Almeida, acrescentando estar o caso ainda a ser investigado para se chegar às conclusões finais.
Questionado sobre a situação de doentes da covid-19 internados no hospital, o director clínico disse que a situação é “estável”, mas os internamentos estão a aumentar nestes últimos dias.
Os internamentos, segundo a mesma fonte, ainda não chegaram ao limite da ocupação do hospital, que é de 15 leitos, mas já inspiram “alguma preocupação”.
Por isso, Paulo Almeida pede à população para continuar a respeitar as medidas de prevenção, para que os casos não continuem a aumentar e não haja mais mortes, considerou o responsável, referindo-se às faixas etárias dos 70 e 80 anos.
O delegado de Saúde de São Vicente, Elísio Silva, também abordado pela Inforpress, fala de uma “situação preocupante” com o aumento de casos e, consequentemente, mais mortos, que já atingem 36 no total, razão pela qual exortou à população a manter a colaboração que tinha antes.
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