Enfermeiros anunciam dois dias de greve. Doentes renais temem pela vida
Sociedade

Enfermeiros anunciam dois dias de greve. Doentes renais temem pela vida

Enfermeiros estão em “pé de guerra” com o Ministério de Saúde e ameaçam com greve nacional de dois dias.

O Sindicato Nacional Democrático dos Enfermeiros (SINDEF)  já emitiu  um pré-aviso de greve de 48 horas, agendada a partir das 8 horas do dia 17 de Julho e com término do mesmo horário no dia 19 de Julho. Protestam contra “o descaso que o governo tem feito perante as suas reivindicações”.

A classe dos enfermeiros, à semelhança de outros  profissionais da administração pública, reivindicam, segundo o presidente da SINDEF, José Elidio Sanches,  a aprovação de um novo estatuto  com a resolução de todos os seus pendentes.

“Na lista das reivindicações estão, entre outras, a aprovação das  listas de transição, novo Plano de Cargo Carreira e Salário (PCCS), novo regime de descanso semanal, ajustamento do valor percentual das horas extra-ordinárias, um plano e seguro de acompanhamento de doentes em transferências -"evacuação", subsídio de riscos e ainda a revisão do regime das  horas extras diárias com retroactivos a contar a partir de 12 de Setembro” avança o sindicalista.

O SINDEF mostra-se ainda mais indignado quando, diz, observa que o Governo já resolveu os pendentes da classe médica, e simplesmente ignora os enfermeiros que trabalham em paralelo e que  dedicam a maior parte do tempo no tratamento dos doentes.

Segundo explica ainda José Elidio Sanches ao Santiago Magazine, não é a primeira vez que enviam pré-aviso de greve ao  Governo de Ulisses Correia e Silva. A primeira missiva tinha sido enviada no dia 14 de Fevereiro, tendo na altura o ministro Arlindo do Rosário garantido  que não teria necessidade de chegar a tal ponto porque a situação seria resolvida. “Continuou tudo na mesma, fomos completamente ignorados neste intervalo que  só serviu para o  Ministério ganhar tempo e esquecer dos nossos problemas”, reclama José Elidio Sanches.

"A nossa intenção nunca é chegar ao extremo mas como já esgotamos todas as nossas armas só nos resta o último recurso que é partir para a greve e ela vai se realizar a nível nacional  se o Governo continuar a ignorar as reivindicações classe dos enfermeiros”, ameaça.

Serviço de regime de chamadas paralisado no CND

O caso mais preocupante é o dos enfermeiros que trabalham no Centro Nacional de Diálise (CND). Mesmo depois de paralisarem os serviços em regime de chamadas que não funcionam desde do dia 1 de Julho, porque exigem o pagamento pelo serviço de chamadas. Segundo dizem, a Direcção do Hospital Agostinho Neto na Praia, onde funciona o centro, e o Ministério da Saúde, continuam a negligenciar a sua situação.

"Enviamos uma carta à Direcção do Hospital e ao Ministério da Saúde mas como ninguém se dignou a responder paralisamos o serviço em regime de chamadas”, afirma José Elido Sanches, que avança ainda que a Direcção  do CND já convocou uma reunião para discutir a situação.

Associação dos doentes renais preocupado com a situação

O vice- presidente da Associação dos doentes Renais de Cabo Verde mostra-se também preocupado com o não funcionamento do serviço em regime de chamadas e endereçou uma carta à direcção do Centro Nacional de Diálise.

Na missiva, a que Santiago Magazine teve acesso, Filomeno Rodrigues avança que a associação que dirige já constatou que, efectivamente, “esse serviço não tem funcionado na secção de Diálise do Hospital Agostinho Neto, o que está a pôr em causa a vida dos muitos doentes renais em tratamento”.

“Tendo em conta que quase sempre estão mais doentes a precisar de cuidados hospitalares, no que à diálise diz respeito, a não efectivação do serviço de enfermagem em regime de chamadas cria ainda mais embaraços ao utente, familiares e aos próprios profissionais de saúde, porquanto estão vidas humanas em risco” observa  Filomeno Rodrigues.

Na carta endereçada ao director do CND, Heldér Tavares, com conhecimento do ministro da tutela, os membros da Associação dos Doentes Renais de Cabo Verde solicitam o cabal esclarecimento desta situação exigindo que esse impasse seja resolvido o mais breve possível.

A Associação teme que a quezília com os enfermeiros “respingue de forma letal” sobre os doentes renais que considera serem “vítimas inocentes de questiúnculas administrativas que lhes são alheias”.

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Ester Daniel

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