Quando uma esmagadora maioria da população apoia um candidato que inventa desculpas para justificar os seus fracassos ao longo de oito anos, ou esse candidato é um hábil ilusionista, ou estamos perante uma sociedade que prefere fingir, em vez de admitir que vive numa ilusão e que escolheu um incompetente. Enquanto não começarmos a avaliar de forma crítica as declarações dos políticos, permitiremos que a mentira se transforme numa qualidade.
Quando uma esmagadora maioria da população apoia um candidato que inventa desculpas para justificar os seus fracassos ao longo de oito anos, ou esse candidato é um hábil ilusionista, ou estamos perante uma sociedade que prefere fingir, em vez de admitir que vive numa ilusão e que escolheu um incompetente. Enquanto não começarmos a avaliar de forma crítica as declarações dos políticos, permitiremos que a mentira se transforme numa qualidade.
Um candidato que, após oito anos, continua a desculpar-se pelos seus fracassos, não merece um novo mandato. Além das falhas de gestão, a noção do que realmente importa é novamente adiada para o caso de "eu ser eleito".
Apesar da promessa feita em 2017, que resolveria o problema de saneamento em 6 meses, o saneamento foi, e continua a ser, um dos principais problemas da ilha que atrai mais de 57% dos turistas que visitam Cabo Verde. Uma ilha que acolhe mais turistas do que a população total do país não pode continuar a ser governada por alguém que exibe os seus diplomas como provas de capacidade, boa gestão e governação. Afinal, como diz a velha máxima, "De nada vale ter diplomas se não sabes pensar."
Durante o debate, o candidato — que afirma já ter vencido as eleições com uma esmagadora maioria — declarou que o saneamento está melhor do que antes e dividiu o tema em três “fases”. No entanto, apesar dessa divisão, falhou em todas, não conseguiu encontrar nenhuma solução e agora promete resoluções caso seja eleito, sem fugir ao estilo populista onde todas as soluções são fáceis.
Além das promessas vazias e das desculpas, a incapacidade de priorizar projetos é outra das marcas de Júlio Lopes. Preferiu pedir emprestados 300 mil contos para asfaltar as cidades de Espargos e Santa Maria, enquanto ignorava um problema gravíssimo nas três "fases" que estabeleceu para o saneamento: recolha, tratamento e espaços verdes.
Em vez de propor soluções, focou-se primeiro em arranjar desculpas. Culpou a pandemia pela demora na compra dos camiões (estamos em 2023/2024, mas a culpa ainda é da pandemia) e apontou a dificuldade de encontrar camiões como justificação para a compra de três veículos, cada um de uma marca diferente. Mais um grande exemplo de gestão.
No entanto, o verdadeiro responsável pelo atraso e pelo fiasco desta "lição de gestão", em que cada camião é de uma marca distinta, foi o lançamento de vários concursos. Naturalmente, se os vencedores forem diferentes, cada um oferecerá uma marca distinta. Em alternativa, se o objetivo inicial era adquirir três camiões, por que não lançar um único concurso, permitindo datas de entregas faseadas por ser uma solução eficiente e flexível, principalmente quando existe limitação de disponibilidade do mercado.
Essa “lição de gestão” também impediu a possibilidade de obter melhores preços nas negociações, devido à quantidade reduzida de cada aquisição. A falta de padronização criará muitas dificuldades e terá consequências a curto prazo.
No que respeita ao tratamento, o candidato fala da construção de um novo aterro, mas nunca especifica que tipo de aterro custará 400 mil contos nem como será feito todo o processo de tratamento dos resíduos antes de chegarem ao aterro, incluindo aqueles que exigem tratamento especial, como os resíduos industriais ou este novo aterro será como a lixeira de morrinho de carvão que ele chama de aterro. No morrinho de carvão, o lixo não tinha nenhum tratamento e o fogo era uma constante prejudicando a saúde dos salenses. Se a lixeira de morrinho de carvão é a sua definição de aterro, o azar agora será da população da Palmeira e da fonte riba.
A última “fase” do seu plano de saneamento, os espaços verdes, limita-se a uma visão reduzida: dois camiões de água para a rega. Criar espaços verdes numa cidade exige um planeamento cuidadoso e a consideração de diversos fatores para que as árvores se integrem bem no ambiente urbano e beneficiem a população. Cada cidade tem características e limitações específicas, o que torna essencial o envolvimento de profissionais em arborização urbana e engenheiros florestais na elaboração de planos — e não de um 'dotor dotor'.
“O melhor momento para plantar uma árvore foi há 30 anos; o segundo melhor momento é agora”
Se os espaços verdes são algo fundamental para a sua gestão, como justifica a ausência de um plano? Todos sabem, até os seus apoiantes, que não construiu qualquer canteiro nem implementou um plano de espaços verdes nas cidades. A prova está nas suas ruas asfaltadas.
Os camiões para a rega não são uma novidade; pelo contrário, representam um grande desperdício devido à ausência de um plano de urbanização adequado. Em pleno 2024, com inúmeras soluções modernas disponíveis, recorrer a camiões para a rega é um sinal claro de retrocesso e uma repetição de métodos ultrapassados.
A falta de clareza na gestão e no investimento da taxa de lixo — que em 2024 ronda os 90 mil contos — é outra questão que merece atenção. Apesar da sua basofaria em afirmar que esta é uma "câmara bem falada", o candidato revela uma clara falta de visão e incapacidade de lidar com uma questão tão essencial.
E tens razão ao afirmar que o saneamento é uma área fundamental para um município como o Sal, mas o facto de ser essencial nunca mereceu qualquer tipo de atenção sua ou do seu governo. O Sal, que com a sua receita de taxa turística financia arruamentos, festivais e requalificações noutras ilhas, deveria ter uma liderança capaz de compreender os seus problemas específicos. Existem várias soluções sustentáveis, como a incineração, que o Sal poderia financiar sozinho. No entanto, isso requer políticos com coragem para exigir que a taxa turística, por 3 ou 4 anos, fosse exclusivamente investida na ilha e no saneamento com as suas três “fases”.
Da mesma forma, o candidato nunca exigiu o pagamento da dívida das ZDTI (Zonas de Desenvolvimento Turístico Integrado), evidenciando a sua postura de subserviência ao partido e ao governo, em vez de defender os interesses reais da população do Sal.
A ilha do Sal merece muito mais e melhor do que o Júlio Lopes oferece, e a equipa que o acompanha só reforça essa falta de visão e competência.
Comentários
ZuKinha, 28 de Nov de 2024
O nosso país é um circo completo. Os políticos da situação fazem promessas de "Vou resolver tudo", mas no fim, a solução é pedir ajuda — ou seja, dependemos de empréstimos e ajudas externas. E a oposição? A mesma coisa, não fazem nada, só sabem apontar dedos. O pior é que tanto uns como os outros fazem-nos acreditar que temos dinheiro para tudo, quando na realidade nem para as necessidades básicas conseguimos.
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Casimiro centeio, 13 de Nov de 2024
Caro Osvaldino !
A MENTIRA é a raiz axial de todos os males que afligem a Humanidade, porque assume diversas formas, tais como :
A demagogia, hipocrisia, corrupção, injustiça, traição, desconfiança, desonestidade, violência, miséria, ódio, discórdia, conflito, desacordo e demonialidade ou desumanidade em geral.
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Casimiro centeio, 13 de Nov de 2024
Caro Amigo Osvaldinho!
Quem mente é, por natureza, um mentiroso. Um mentiroso é como um bêbado, é poderoso, pode conseguir e fazer tudo. Só que não se consegue ver nada feito. Consegue até divagar por todos os cantos do Mundo sem pagar nada. Não tem tabela na língua, limite de responsabilidade, pejo na cara e nem peia nos pés. É " SOLUÇÃO" ulusséia.
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