A ditadura e autoritarismo são apanágios de partido único que vigoraram em Cabo Verde de 1975 a 90. Não têm como não aceitar essa triste realidade. Carlos Veiga apareceu, justamente, no contexto de partido único, como cidadão, advogado e político para contestar e confrontar, de dentro, o regime e provocar a mudança do status kuo.
Os sofistas da candidatura de José Maria Neves empenham-se agora, nesta altura do campeonato, em afinar a retórica de colação de Carlos Veiga ao período de partido único, como se diz num bom crioulo " dja trapadjadu" face à onda de apoio em seu favor que vem subindo, em flecha, nos últimos tempos, quer na rede social, quer no terreno corpo a corpo e quer ainda através da manifestação espontânea de apoio e simpatia de cidadãos e de jovens que se ofereceram a pronunciar-se sobre este candidato a presidente da República.
Numa primeira tentativa atiraram com a tese de país "sequestrado", tão ridícula quanto caprichosa, em plena democracia, com eleições livres e democráticas em que o partido da estrela negra, perdeu, estrondosamente, nas últimas eleições de abril, próximo passado. Tal atitude espelha a natureza anti-democrática de recusa da vontade do povo. Um verdadeiro trumpismo negando os resultados eleitorais com o argumento de roubo de votos e clamando o povo para o assalto ao Palácio do poder.
Não surtindo o efeito esperado com a tese de "sequestro" do país vêm, agora, com a estratégia de ataque severo à pessoa de Carlos Veiga, na tentativa frustrada de o desacreditar, acusando-o com epítetos de autoritário e quejandos.
Ora, a história do autoritarismo ganhou consistência e sofisticação com o regime de partido único, logo nos primeiros dias da independência até janeiro de 1991.
O povo destas ilhas foi surpreendido e traído com a montagem de um sistema de autoritarismo que o desencantou e o defraudou, quando acreditava que com a independência nacional, a 5 de julho de 1975, passaria a viver em plena liberdade e com um sistema de governo democrático, onde escolheria, através do voto livre, os seus legítimos representantes e os seus governantes .
Tal não aconteceu como o povo tanto ansiava. Estranho é o facto de esses sofistas da retórica reconhecerem, eles próprios, o quão negro e injusto foi o período de partido único, mas preferem, ao mesmo tempo, ilibar os seus culpados, porque estes são os seus velhos" camaradas" e passar essa responsabilidade, pateticamente, a Carlos Veiga.
É a cegueira do fanatismo político ou a desonestidade política, no seu máximo.
Carlos Veiga, por mais que ensaiem a retórica de "sequestro" não conseguirão jamais colar nele a imagem de um ditador.
A ditadura e autoritarismo são apanágios de partido único que vigoraram em Cabo Verde de 1975 a 90. Não têm como não aceitar essa triste realidade.
Carlos Veiga apareceu, justamente, no contexto de partido único, como cidadão, advogado e político para contestar e confrontar, de dentro, o regime e provocar a mudança do status kuo.
Foi assim que ele liderou o movimento de contestação ao regime de partido único em 1990. Juntamente com outros companheiros democratas conduziu o povo à conquista da sua liberdade, democracia e à derrota do partido único, no dia 13 de janeiro de 1991.
A história não pode ser invertida e nem contada com inverdades para manipular e confundir os mais jovens que não viveram esse período de ditadura.
Em abono da verdade o povo deve conhecer a natureza e os contextos em que os dois candidatos Carlos Veiga e José Maria Neves navegaram.
Carlos Veiga tem o historial de luta pela liberdade e democracia do povo destas ilhas e José Maria Neves tem o historial de partido único e de luta pela continuidade desse regime, pois nos dias que antecederam à mudança política, em fevereiro de 1990 ele fazia parte de um grupo de jovens quadros que se insurgiram contra a mudança do sistema político fazendo resistência, no interior do seu partido, pela manutenção do statu kuo.
A verdade dói, mas ela tem que ser dita para que o povo a conheça, plenamente.
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