É notório que o poder local, aqui em Tarrafal de Santiago, está desorientado e precisa de foco. Até dá sensação que não possuí um programa de governação local, no quadro dos compromissos feitos nas últimas eleições autárquicas de 2016. Em consequência, não existem resultados e o concelho está numa situação de degradação. Nesses últimos meses, famílias desesperadas e jovens desamparados têm manifestado de forma destemida os seus desagrados face a ineficácia e ineficiência da gestão local.
Não se conhece as políticas e as prioridades de investimentos, e estes quando surgem não têm produzido efeitos práticos na melhoria das condições de vida dos tarrafalenses. Não é por acaso que Tarrafal apresenta um dos piores indicadores de desenvolvimento.
É preciso uma intervenção de fundo na redefinição das prioridades de investimento e um alinhamento das políticas locais com as perspetivas nacionais. Tarrafal é, sem dúvidas, um concelho com enormes potenciais de desenvolvimento, mas só isso não basta. Temos estado a desperdiçar aquilo que poderia gerar riquezas e melhorar as condições de vida dos tarrafalenses, concretamente nos setores da Pesca e do Turismo e suas vertentes conexas.
A título de exemplo e sugestão, porque não recuperar a antiga fabrica de “transformação” do pescado, dotar os pescadores de meios modernos e pensar na industrialização deste setor. Fantasiados pelas belezas naturais das nossas paisagens, alimentou-se a “sina” e expetativas fracassadas de que o desenvolvimento se podia fazer prioritariamente pela valorização do turismo. É preciso uma mudança de paradigma, e adaptar aos novos tempos, considerando que o país se desenvolveu muito neste e com este setor e Tarrafal regrediu.
“Tarrafal precisa de um poder local ousado, aberto aos seus ativos, e sobretudo, realista”.
Deve o presidente, que diz presidir uma Câmara com rosto humano, negligenciar a pobreza, o desemprego, a miséria e entre outras frustrações da juventude Tarrafalense instaladas pelo sistema do MPD Tarrafal, e ainda mostrar-se satisfeito com o atual estado de coisas?
Mera ilusão política e partidária, quando em jeito de balanço, vem o José Pedro Nunes Soares afirmar que a sua equipa está a cumprir com aquilo que são os últimos compromissos autárquicos.
Assim, convém refrescar quais foram os principais compromissos da sua campanha:
1. Estudo de localização de uma marinha turística;
2. Estudo de viabilidade de um porto comercial;
3. Criação de um centro para desportos náuticos;
4. Estudo de localização de um aeródromo;
5. Concelho Municipal para o turismo;
6. Projeto operacional do turismo;
7. Plano de marketing do turismo do município do Tarrafal; mais postos de informações;
8. Investimento e devidos esclarecimentos, caso dos terrenos vendido “Rabu-koku”;
9. Valorização da "Tabanka di Txon Bon";
10. Conclusão do pavilhão desportivo, antes da pré-campanha autárquica de 2020;
11. Construção de estádios relvados alternativos em Achada Tenda e Ribeira das Pratas;
12. Projeção de mais zonas irrigadas: Belém e Achada Grande;
13. Intrdução de pequenas indústrias - colonato Chão Bom;
14. Incentivo ao hidroponia;
15. Estrutura organizativa para comercialização de produtos agropecuários;
16. Incentivos à produção de queijo de cabra em Lagoa e Achada Lagoa, incentivo a criação de gado estabulado;
17. Projeto de criação de um porto de pesca, inclusive faz parte do PDM Tarrafal;
18. Abertura de uma linha de crédito especial, junto dos bancos, para aquisição de embarcações de pesca com maior segurança;
Gostaria muito de acreditar e ver cumpridas, nesses restantes dois anos de governação, aquilo que foi projetado para quatro anos.
Frente disso, a avaliação é negativa, e não se deve, de forma alguma, dizer que se está a cumprir, ou que estão no caminho de o fazer, uma vez que estão completamente desalinhados com aquilo que foram as promessas.
Pelo que se desafia o Senhor Presidente, José Pedro Nunes Soares a ter coragem politica de restruturar a sua equipa, que já deu provas de fragilidades e incompetências, seja pelas vias da “desprofissionalização" dos vereadores, seja pelo reforço das suas estruturas.
Portanto, mais do que discursos, Tarrafal quer sentir que agora é diferente.
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