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Carta aberta ao Ministro das Finanças. Em respeito supremo ao povo cabo-verdiano, demita-se!
Ponto de Vista

Carta aberta ao Ministro das Finanças. Em respeito supremo ao povo cabo-verdiano, demita-se!

O Senhor não pode mais se furtar, politicamente, deste embaraçoso episódio!! Hipotecou gravemente, em consequência da sua inação e encobrimento cúmplice, a sua permanência no Executivo. Politicamente ficou insustentável continuar nas funções que ora exerce. Tanto ou mais que os gestores desses fundos. Com esta sua atitude não pode mais continuar como o guardião do Tesouro Público. Voluntariamente não quis fazer uso das competências e atribuições que lhe são cometidas por Lei.

SENHOR VICE PRIMEIRO MINISTRO E MINISTRO DAS FINANÇAS,

Há algum tempo que só uns escassos resquícios da consideração que tinha por si ainda permaneciam! Sempre procurei dar-lhe algum benefício de dúvida sobre a sua desastrada conduta de governante nas pastas que tutela. Fui-lhe um frontal crítico e atrevi-me a chamar-lhe a atenção muitas vezes. Especialmente em dossiers que, por expressa incúria, muito lesaram o país! Especialmente no sector dos transportes. Relembro os desastrosos projectos - e altamente lesivos ao país - da CVAIRLINES/TACV e da CVINTERILHAS!

Em todas eles com o Senhor no topo da decisão!

Mas nestes últimos dias, com o vergonhoso escândalo dos Relatórios de Inspeção sobre os Fundos do Turismo e do Ambiente, nada mais resta que justifique ter a mais ténue confiança nas suas ações e decisões.

Ora vejamos!

Uma análise e aturada reflexão sobre a sua conduta deixa entrever que durante um ano e três meses teve na sua posse exclusiva dois relatórios de Inspeção ao Fundo do Turismo e do Ambiente que provavam haver sérias irregularidades de gestão, grandes montantes ilegalmente concedidos a autoridades que não os usaram, um desvio de quase um milhão de euros ainda sem paradeiro, ajustes directos absurdos, montantes desviados da solicitação inicial, pagamentos duplos e um padrão constante de malversação dos fundos e muito mais. Ao manter sob a sua alçada directa, em absoluto silêncio, esses relatórios entendo que, voluntariamente ou não, se tornou cúmplice evidente dos que à margem da Lei tinham a seu cargo a gestão dos mesmos. Repare que afasto a atitude de inação porque os factos constatados nos relatórios eram passíveis de enérgica e imediata ação criminal logo que chegados às suas mãos, de acordo com o competente despacho do Sr. Inspector Geral e da equipe de Inspectores.

O Senhor, ao invés de agir firme e prontamente, pelas vias judiciais, optou por não homologar os relatórios na esperança de que -possivelmente- como outros delicados dossiers mal parados tudo se acabaria por esquecer.

Por mais que queira se alijar deste embaraçoso escândalo o Senhor faz hoje dele parte directa! Como cúmplice e encobridor.

Não fosse um corajoso semanário desta Capital ir atrás deste desolador caso nunca haveríamos de saber claramente desses relatórios.

O Senhor não pode mais se furtar, politicamente, deste embaraçoso episódio!! Hipotecou gravemente, em consequência da sua inação e encobrimento cúmplice, a sua permanência no Executivo.

Politicamente ficou insustentável continuar nas funções que ora exerce. Tanto ou mais que os gestores desses fundos. Com esta sua atitude não pode mais continuar como o guardião do Tesouro Público. Voluntariamente não quis fazer uso das competências e atribuições que lhe são cometidas por Lei.

Caso para lhe perguntarmos o que mais o Senhor, enquanto Ministro das Finanças, estará a esconder dos nossos olhos??

Face à sua actual ligação a este escândalo político tenha a coragem e hombridade de se demitir.

Fará um grande favor a Cabo Verde!

Texto original publicado pelo autor no facebook

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